A deputada do PS Lara Martinho, eleita pelo círculo dos Açores, questionou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros sobre qual a resposta política europeia que se está a delinear depois de declarações recentes do presidente dos Estados Unidos da América (EUA) sobre o apoio norte-americano à aliança atlântica.
Lara Martinho lembrou, durante a audição de Augusto Santos Silva na Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus, que “estamos a passar um período da política internacional em que o elemento que predomina é a incerteza”, que tem vindo a ser acentuada “pelas declarações e pela atuação da administração de Donald Trump”. Esta situação “é particularmente preocupante para Portugal”, tendo em conta que o país é um Estado-membro da NATO e da União Europeia (UE), e também por causa da Base das Lajes, frisou.
A parlamentar referiu-se às declarações da chanceler alemã depois das cimeiras da NATO e do G7, em que Angela Merkel asseverou que “a Europa só pode contar consigo própria” para se defender e se afirmar no mundo, perante a dificuldade em se obter de Donald Trump a garantia necessária relativamente ao apoio americano no âmbito da aliança atlântica e também perante as dificuldades de alinhamento dos dois lados do Atlântico em questões da política global, como os casos do clima e do comércio.
| “Assim sendo, a UE tem de definir que responsabilidades assumir e que postura de afirmação externa quer adotar”
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que houve uma resposta unânime da UE face aos sinais de retraimento anglo-saxónicos, sublinhando que “a Europa assume a liderança para os temas que contam”, tais como as Nações Unidas, o clima, a agenda 2030, a ajuda ao desenvolvimento e o comércio internacional.
Lara Martinho também se referiu aos acordos comerciais que estão em fase final de negociação com o Japão e Mercosul, classificando o acordo com o Mercosul “particularmente interessante”, como ficou manifesto na visita do primeiro-ministro à Argentina e ao Chile. Segundo a deputada do PS, estas visitas tiveram como objetivo principal “perspetivar novas oportunidades de aumentar o comércio e os investimentos” numa fase em que se concluem as negociações entre UE e Mercosul, e também de modernização entre a UE e o Chile.
Augusto Santos Silva considerou o acordo do Japão como “muito favorável aos interesses de Portugal”, e concordou com a parlamentar socialista quanto ao acordo com o Mercosul, acrescentando, no entanto, que “ainda apresenta algumas carências em termos do têxtil e certas áreas alimentares”.