Reabriu-se a discussão sobre as regiões autónomas e com ela ressuscitam-se os fantasmas centralistas do costume. E que nascem como cogumelos selvagens, alheios aos partidos e ao bom senso. O anúncio da dívida colossal da Madeira foi o detonador desta bomba. Cujos estilhaços cairão ainda por muito tempo. Ameaçando as autonomias, apesar das públicas e conhecidas diferenças que separam a governação dos Açores da da Madeira. Curioso tem sido o silêncio do Presidente da República sobre esta matéria. Desconhecia a dívida, e não se pronuncia sobre o comportamento do Governo Regional da Madeira. Atitude diferente teve no que aos Açores diz respeito. Em que se prontificou a fazer uma comunicação estival ao país aquando da aprovação do estatuto político-administrativo dos Açores, na qual se apressou a tomar partido, enviando o para o Tribunal Constitucional. Ou mesmo quando o Governo dos Açores decidiu sobre a atribuição da remuneração compensatória aos funcionários públicos regionais, em que o PR se demarcou desta decisão e não se coibiu de a criticar amiúde. Utilizando sempre dois pesos e duas medidas no tratamento das duas regiões. Na Madeira não fala, alegando a prerrogativa de ser ele o garante da coesão nacional. Que neste momento está a sofrer uma grande afronta em virtude da dívida da Madeira. No meio da confusão os Açores não são notícia pelas melhores razões. Porém, estes momentos servem sempre para estimular a desconfianças sobre as autonomias. Que tomam a parte pelo todo e que julgam a direito e sem contemplações. E cujo propósito é claro, mas condenável. Na história da autonomia não faltaram vozes destas. Capazes de defender o fim da autonomia das duas regiões de Portugal. O tempo é de precaução. Os centralistas espreitam todas as brechas com um único propósito. E andam por aí, disfarçados mas, ainda assim, reconhecíveis.