O passado dia 15 foi dia de festa no Pontal. PSD e CDS-PP uniram esforços para uma pretendida demonstração de força que muito prometia a quem decidiu dela fazer parte. Longe vão os tempos em que Coelho atraiçoava Portas e este amuava, quais comadres amuadas. O que pretendem agora é fazer os portugueses crer que a coligação PSD/CDS-PP é espelho de uma união inabalável que se arroga o título de “salvadora do país”, qual peta fora de tempo.
Passos e Portas foram ao Algarve dizer que é preciso ter confiança e esperança no futuro. Era interessante vê-los dizer isso aos idosos a quem cortaram as pensões e a quem faz fila à espera de uma refeição solidária, em vez de o fazerem à frente dos que abanavam a bandeirola laranja nesse badalado evento. Era interessante vê-los dizer isso aos milhões de portugueses que foram votados à pobreza, graças às medidas de austeridade que eles próprios implementaram.
Mais ainda, teria sido interessante vê-los dizer algo que sustentasse esse pedido. Mas nada. Nem uma proposta, nem uma ideia específica sobre como pretendem levar o país para a frente. Já não há quem ature tanto farisaísmo. Há quem, no entanto perceba o objetivo. Esta coligação PSD/CDS-PP pretende prolongar as políticas de austeridade, agravar medidas no domínio da Segurança Social, privatizando parte do sistema, diminuir em 600 milhões de euros o valor das pensões, fechar ainda mais serviços públicos e tornar mais caro o Serviço Nacional de Saúde. É isto que querem fazer, não tendo, no entanto, coragem para o dizer com clareza e honestidade. Lá de vez em quando ainda arranjam um ou outro expediente falacioso para indiciar o que têm escondido na manga. Mas nunca nada é dito de forma cristalina. É tudo um grande borrão.
Nem as águas do Algarve conseguiram limpar do discurso da coligação a sua aversão absoluta pela oposição. Aliás, o lugar escolhido foi adequadíssimo. Foram ao Pontal para mostrar o quão de ponta tomaram quem lhes faz frente e os confronta com a realidade atual do país e, consequentemente, com os resultados adversos das políticas que nele implementaram. Aliás, nada mais fizeram do isso. Preencheram discursos inteiros a destilar acusações contra a oposição. Contra o PS, especificamente. Mais nada. Andam preocupados, só pode. Medidas concretas para o país, nem vê-las. É tudo um grande mistério. Quando se esconde o que pretende fazer, é mau sinal. Ou querem continuar a fazer mais do mesmo ou, se querem mudar alguma coisa, não será para melhor.
E o que dizer da mais recente proeza acrobática do Governo de Passos Coelho? Criminalizar o abandono de idosos. Estiveram quatro anos a governar Portugal para só se lembrarem disto a poucos dias das eleições. Jogar com os idosos, com os seus sentimentos e com os seus medos, somente para propósitos eleitorais, é vilania. Aprovar uma Resolução em Conselho de Ministros, que não pode ter qualquer efeito prático a esta altura do campeonato, só para dizer aos idosos que “nós temos esta intenção, mas isto só vai para a frente se votarem em nós…” é uma chantagem desprezível. Mas aí está, é bem representativo do que podemos esperar se os portugueses decidirem sentar Passos e Portas na cadeira durante mais 4 anos. Uma política onde o eleitoralismo e a demagogia andam de mãos dadas com a abjeção. Triste.
Resta esperar que os Portugueses saibam ver a diferença. É necessário que saia, de facto, um resultado inequívoco das eleições que se aproximam. Mas um que se oponha veementemente à continuação das políticas deste Governo de Passos Coelho e de Paulo Portas, e à sua atração fatal pela austeridade. Porque senão, estamos mal-amanhados. Será mais do mesmo. Ou ainda pior.