Opinião

De Lá para Cá. O que faz falta

Falar de Abril, do nosso abril de 74, é relembrarmos um passado sombrio da nossa história ainda recente, que a revolução dos cravos, na madrugada de 25, libertou. Dos que desta data têm a memória vivida do antes e do depois; abril de 74 é Liberdade de ser e de fazer a igualdade. Tantas emoções com ideologias em estado bruto, cópias transcritas da longínqua China do agonizante Mao Tsé-Tung e da URSS Estalinista de Leonid Brejnev. O povo, tão desigual e pobre reivindica primariamente a terra onde labuta e as empresas onde trabalha. Tempos conturbados à procura do reencontro com a nossa realidade económica e social, e a marcha lenta para o nosso desenvolvimento. Resistência, foi talvez a palavra de ordem mais usada, Resistência foi afinal a maior e melhor caraterística deste povo, não estivesse ele a isso já habituado. Outros povos irmãos, também resistiam e lutavam pela sua independência, numa guerra fratricida, porque a presença colonial portuguesa de cinco séculos, não podia ter originado senão irmãos de sangue e na língua falada e escrita que ainda predomina. Conseguimos também por isso, com abril a sua liberdade, o direito à sua autodeterminação e definição dos seus destinos. Novos países emergiram para a comunidade internacional das nações. Há 41 anos, por outras razões históricas e identitárias conseguimos o direito à Autonomia Política e Administrativa nos Açores e na Madeira. Ficamos e mantemo-nos parte integrante da nação portuguesa, com um regime autonómico, nem sempre entendido como uma mais-valia e uma evolução natural da nossa democracia. O centralismo é o nosso principal inimigo, mas não é o único. A autonomia deve reinventar-se, ocupar todo o espaço político e administrar o nosso espaço geográfico numa perspetiva do bem-comum, entendendo-se nesta abrangência o melhor para os Açores e para Portugal. A reforma em curso que está a ser preparada pela CEVERA, Comissão Eventual da ARLAA, é um destes pressupostos para a nossa afirmação autonomista. O que faz falta, não é animar a malta, como na canção do Zeca Afonso, o que faz falta é trazermos amigos também para a nossa causa.