O presidente do PSD, ausente de qualquer sentido institucional, sem uma única palavra de congratulação ao PS que ganhou, ao BE que se reforçou, perante um PSD e CDS que se afogaram nos resultados, não se eximiu a, imagine-se, responsabilizar pela abstenção aqueles que trabalharam para a sensibilização do voto junto das pessoas, todos os dias.
Reafirmo o que escrevi em fevereiro esta é a primeira derrota de duas de Alexandre Gaudêncio neste ano, que dificilmente chegará a 2020.
Esta é uma eleição tradicionalmente de protesto para com o Governo da República , onde pela primeira vez, desde 1987, foi contrariada. Ganhou o PS as eleições europeias em Portugal, um país sem extrema-direita.
Ganhou o PS nos Açores, mas mais do que ter ganho, é esmagadora a aceitação e compreensão das pessoas da mensagem (e aquela que será a ação) do candidato socialista como “ a única voz dos Açores na Europa”.
O mapa cor-de-rosa nos Açores é disso prova.
Para além dos resultados da noite e do trabalho dos próximos 5 anos, ficamos todos mais diminuídos com a abstenção. As eleições europeias nos Açores, como no Continente, reforçaram mais uma vez a emergente necessidade de agir perante a abstenção. São mais do que números, são pessoas com direitos e deveres, que, esmagadoramente, se negam a cumprir os seus deveres, descuidando-se de que a “culpa é dos políticos”. É possível que sim, que os maiores responsáveis sejamos nós, os políticos.
Contribuímos para a construção de uma região e país democráticos há 45 anos e somos eleitos, mesmo com abstenções recordes, para encontrar caminhos para uma sociedade mais democrática e participativa.
Desde logo podemos encontrar algumas respostas à abstenção na necessária atualização de eleitores recenseados residentes em Portugal. Mas dois passos estruturais têm que ser dados:
1) a capacitação dos cidadãos dos seus deveres democráticos e o envolvimento de todas as instituições no cumprimento desse dever; e 2) a consciencialização, pelos eleitos e eleitores, que o exercício da política é uma causa nobre e coletiva e onde não sobra espaço para os oportunistas. Mas qualquer uma destas possíveis soluções dependem, esmagadoramente, da escolha do povo e da dos partidos políticos.
E a escolha do povo fica mais diminuída ao ouvir e ver Alexandre Gaudêncio a se isentar do dever da pedagogia da participação eleitoral e de, imagine-se, culpabilizar os que trabalharam e elevar os que nada fizeram.