“Vai correr tudo bem!” é a frase que mais tenho usado nos últimos tempos, quando explico às pessoas o porquê, por exemplo, do Governo dos Açores ter decidido suspender todas as viagens dos aviões da nossa SATA e de todos os barcos da nossa Atlanticoline, exceto os voos de transporte de carga ou de casos de força maior, autorizados pela Autoridade de Saúde Regional.
Muitas vezes as pessoas não compreendem. Estão tristes e querem voltar para as suas casas.
É natural e humano, mas todos precisamos de perceber que a decisão de suspender as viagens dos nossos barcos e dos nossos aviões, mesmo que isso implique que as pessoas fiquem longe das suas casas, porque estavam – como acontece em tempos normais – em outras paragens, é uma decisão extraordinária diante de uma situação muito complexa, cujo único e exclusivo objetivo é a proteção da Região Autónoma dos Açores e do nosso Povo!
Por vezes, até, no passar dos dias chego a ter saudades de ouvir “regatear” voos. Uns porque sim, outros porque não, talvez, quem sabe…. Mas vai correr tudo bem e, um dia destes, voltamos a esse tempo: de mais aviões, de aumentos de pista, de mau tempo, de bom tempo, de avião atrasado, de demoras, de chegadas e partidas, de podermos abraçar quem chega, despedir de quem parte….
Lembro-me (amiúde) daquela frase de Vitorino Nemésio, “Nós não temos medo que o mar nos alague ou de que a terra nos falte: - temos sempre presente, como salutar advertência, a sensação de que o Mundo é curto, e o tempo mais curto ainda.”
Não temos. Nunca tivemos. Já o provamos variadíssimas vezes e vamos prová-lo outra vez. Porque quer ele queira, quer não queira, aqui, nos Açores, tudo faremos para que corra tudo bem.
Um abraço a todos aqueles que lerem este artigo. Um abraço, por escrito, no jornal: não faz mal!
Vai correr tudo bem! (Insisto).