Opinião

Um programa transversal versus umas medidas sem programa

I O Governo dos Açores apresentou, nos últimos dias, um programa fundamental para o fomento do turismo interno. O referido programa, constante da Resolução do Conselho do Governo n.º 168/2020, de 16 de junho, e que se operacionaliza através do sítio eletrónico viverosacores.azores.gov.pt, traduz-se num extraordinário incentivo à realização de férias no nosso Arquipélago, o qual, relembre-se, é o primeiro e único do mundo certificado enquanto destino sustentável. Por outro lado, atendendo ao regresso progressivo à nova “normalidade” e ao facto dos Açores ter sido a primeira zona do País a registar zero casos ativos, o Governo dos Açores, em boa hora, decidiu implementar mais um programa para fazer face aos efeitos nefastos da pandemia. Desta feita, para uma área crucial para os Açores: o turismo. O turismo representa um peso muito significativo no PIB dos Açores; é uma área que emprega milhares de Açorianos e gera receitas fundamentais para as empresas dos Açores e, consequentemente, para a Região. Num inquérito realizado em 2018, e que está disponível no Serviço Regional de Estatística dos Açores, concluiu-se que 97% dos residentes nos Açores são de opinião que “o turismo é bom para os Açores”. Neste contexto, em tempos de retoma económica e social dos Açores pós confinamento a que estivemos sujeitos em nome da saúde pública, eis-nos perante um programa de relançamento da atividade turística. Programa este, que visa incentivar os Açorianos a optarem pelo turismo interno. O incentivo monetário – até 175€ por pessoa adulta – engloba viagem (aérea ou marítima), alojamento (mínimo de 3 noites), alimentação (mínimo de 3 refeições) e a aquisição de uma atividade turística. Temos, assim, um programa cuja transversalidade revelar-se-á fundamental para a dinamização da economia privada de Santa Maria ao Corvo. A “bola” agora está do nosso lado. Venha daí. Vamos “viver os Açores”! II A oposição, com destaque para o PSD/Açores, anda completamente perdida. A cada dia que passa, salta para a estampa dos jornais uma medida simpática. E nos últimos tempos, a verdade é que a cadência tem sido mesmo assinalável. Já tivemos direito à habitual promessa, em tempos de pré-campanha, de baixa de impostos. Já tivemos direito, também usual em vésperas de eleições, à promessa de passagens interilhas “baratinhas”. Desta vez, apontou-se para um preço único entre 50 € e 60 €. Já tivemos direito à promessa de reforço do financiamento público às IPSS’S. Lá mais para a frente teremos, seguramente, Bolieiro a prometer a abertura de uns milhares de lugares para a Administração Regional. E, em face dos níveis de desespero, poderemos até sonhar com promessas de túneis entre algumas ilhas. Já não seria inédito em candidatos do PSD… O PSD/A, no tempo que leva na oposição, já devia ter percebido que o regresso ao poder não se fará à custa de demagogia; de propostas avulsas; de propostas inspiradas numa permanente quadratura do círculo (todas significando mais despesa pública e exigindo ao mesmo tempo melhores contas públicas!); de propostas feitas sempre ao sabor do vento. E por falar em vento, o PSD/A também já devia saber, tal como escreveu Séneca, que “quando se navega sem destino (programa), nenhum vento é favorável”.