Nos últimos dias a pobreza nos Açores voltou à agenda mediática. Nesse debate os Açores vivem uma realidade paradoxal.
Nenhuma força política oposicionista resiste a comentar os indicadores sobre a pobreza. Porém, todos cometem o mesmo erro: preferem culpabilizar o governo regional por tudo mas não apresentam qualquer solução nem contributo digno de registo. Ficamos pela ladainha do “é necessário combater a pobreza na Região”.
Os Açores vivem com uma prevalência de risco de pobreza real e expressiva que tem merecido uma atenção muito cuidada da parte do Governo Regional e de muitas autoridades. Esta realidade não deve ser confundida com carência severa de meios.
Há cerca de dois anos, o insuspeito Presidente da República apontou os Açores como uma Região exemplar na luta contra a pobreza. Marcelo considerou que o Plano Regional de Luta Contra a Pobreza nos Açores devia ser replicado em outras regiões do País.
Esse Plano procede a um exaustivo diagnóstico do fenómeno nos Açores, considerando o nosso arrepiante ponto de partida e a extrema complexidade que caracteriza o fenómeno.
Porém, mais importante ainda é a estratégia e o conjunto de medidas que o mesmo consagra e que estão em execução. A estratégia não assenta apenas na melhoria do rendimento da pessoa ou do agregado familiar. O Plano prevê uma ação integrada na luta contra a pobreza, articulando as áreas da habitação, saúde, educação, formação e emprego.
O Documento defende uma intervenção em rede, coordenando os serviços do governo, o sector particular de solidariedade social, as autarquias, a Igreja, o voluntariado social e ainda o sector associativo. O objetivo é a autonomização das pessoas e a sua reintegração social ativa, baseada na promoção de oportunidades.
Os partidos da oposição ganhariam muito se se inspirassem no referido Plano. Comentar estatística sem nada propor revela oportunismo e pobreza, nomeadamente de espírito.