Já não bastava um mau Plano e Orçamento para 2023 que penaliza, e muito, as famílias e empresas Açorianas e Graciosenses, como agora assistimos a uma visita estatutária do Governo Regional que nada trouxe de novo a esta ilha.
Pouco divulgada e marcada em cima da hora, esta viagem à Graciosa representou apenas o cumprimento de uma obrigação estatutária em pouco mais de 24 horas. Foi muito pouco tempo que só uma mão cheia de nada justifica.
Este momento, que deveria servir para aproximar o Governo das pessoas, na tentativa de encontrar soluções para os problemas, foi, um fiasco. Não houve reuniões com as associações e foram recusados, inexplicavelmente, pedidos de audiências.
Sem esses contatos, o Governo ficou sem saber que a lista de espera para consulta de medicina geral e familiar pode atingir mais de 200 dias, que os utentes esperam mais de uma hora para serem atendidos nas urgências, que a USIG não pagou, ao contrário do que foi dito, a tempo e a horas a um médico que, por ter reclamado, foi dispensado, juntando mais este caso ao caótico setor da saúde.
Não se assiste, também, a proatividade nos esclarecimentos devidos aos empresários. As autarquias locais estão com dificuldades por falta de programas ocupacionais e não é visível qualquer investimento na agricultura nos últimos dois anos.
Para além disso, o Governo continua a sustentar que o transporte marítimo de passageiros e viaturas (linha amarela) é uma despesa que não se justifica, mas acha bem executar-se em promoção do destino 7,8 milhões de euros só nas ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial, em 2021, o que representa 92% do total investido nos Açores nessa área.
Isto é caso para perguntar o que é feito das verbas destinadas à coesão territorial? Não se justifica apostar 7 ou 8 milhões de euros num serviço de transportes marítimos de passageiros e viaturas, mas pode-se investir 7,8 milhões de euros apenas para promover três ilhas dos Açores?
O restante foi uma confrangedora desilusão.
No caso da Marina da Barra, por exemplo, estava anunciada a apresentação do projeto daquele empreendimento, mas afinal tratou-se apenas de uma proposta de intervenção para o futuro projeto, o que não deixa de ser estranho porquanto o projeto já existe, incluindo o do edifício de apoio, não sendo percetível as razões deste novo projeto, a não ser o adiamento da sua execução e o preço da adjudicação ter passado para quase três vezes mais.
Já em relação à ampliação do Lar de Idosos da Praia, importa lembrar que o projeto foi apresentado em setembro de 2020, mas que este Governo apenas o remodelou, acrescentando, nessa medida, mais dinheiro e uns quantos quartos, conforme se comprova pela nota à imprensa do executivo, aquando da deslocação à ilha, que é exatamente idêntica ao que já havia sido proferido em 2020.
Por último, importa não esquecer o projeto da variante a Santa Cruz, investimento candidato ao PRR pelo anterior Governo e no qual urge a sua execução o mais rapidamente possível, para que não se venha a perder as verbas ao abrigo desse programa.
Estes três investimentos, como se vê, vem da anterior legislatura e, infelizmente, estiveram parados durante dois anos apenas por inércia do Governo, aparecendo agora com outras roupagens para dar a ideia de que são novos. Entretanto, os Graciosenses ficaram à espera e o Governo corre atrás do prejuízo.
Outro facto que se constata é que nenhuma destas decisões faz parte do comunicado do Conselho de Governo, o que não deixa de ser estranho.