Célia Pereira realçou esta terça-feira o “estado de abandono” em que se encontra o combate às dependências nos Açores, criticando a postura do Governo Regional que “prefere ignorar e esconder o problema, em vez de encontrar soluções”, salientando que o PS “não está contra o reforço das Unidades de Cuidados Continuados, bem pelo contrário”, mas que isso “não deve ser sinónimo de deixar outras áreas para trás, como o combate às dependências”.
A deputada socialista reagia assim à decisão do Governo Regional da coligação de transformar o Solar da Glória, no Livramento, em Ponta Delgada, numa Unidade de Cuidados Continuados.
Célia Pereira recordou que aquele edifício foi “reabilitado pelo anterior Governo Regional, da responsabilidade do Partido Socialista, justamente com o intuito de providenciar uma resposta de combate às dependências e recuperação de toxicodependentes”, frisando a importância de “ter uma comunidade terapêutica e unidade de desabituação na Região”.
"As pessoas que se deixaram cair numa situação de dependência não deixam de ser seres humanos, pelo que merecem ser tratadas com respeito. E isso passa, também, por providenciar respostas a nível regional além de enviar essas pessoas para comunidades terapêuticas no continente, longe das suas famílias”, explicou a deputada socialista.
Célia Pereira estranhou a decisão do Governo Regional de “desafetar este imóvel do combate às dependências”, sem que sejam asseguradas outras instalações para o efeito, num momento em que a Região atravessa “um aumento de consumos de substâncias ilícitas, particularmente das novas substâncias psicoativas, conhecidas como drogas sintéticas”.
A parlamentar do PS recordou que, neste momento, “não existe uma rede de suporte suficientemente capaz na comunidade para dar continuidade ao processo de recuperação e reabilitação destes utentes, havendo falta de estruturas residenciais como por exemplo, unidades de vida destinadas a pessoas com duplo diagnóstico de doença mental e dependências” e existindo “apenas uma resposta residencial para 6 utentes na Casa de Saúde de São Miguel, quando a realidade dita uma capacidade para largas dezenas de utentes para tratamentos de desabituação de substâncias ilícitas, em regime de internamento”.
"De facto, é uma decisão que não se compreende. O que o Governo anunciou na comunicação social é fazer obras de readaptação para outro fim, num imóvel que já estava preparado para dar resposta às dependências, enquanto deixa estes utentes para trás. Com o crescimento das drogas sintéticas e com todos os problemas sociais que daí advém, o combate às dependências devia ser uma prioridade e não vetado ao abandono”, finalizou a deputada do PS, Célia Pereira.