A senhora Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, vestida com a roupagem de líder do PSD, tem vindo a revelar-se uma excelente cliente da SATA por mor das inúmeras viagens efectuadas, de ilha em ilha, em indisfarçada campanha eleitoral com vista às regionais de 2012.
Que o faça, achamos que é o exercício de um pleno direito de cidadania. O que não entendemos e gostaríamos de perceber, é como é possível, a mesma pessoa, exercer - a tempo inteiro - as funções de presidente do maior e mais populoso concelho açoriano e, simultaneamente, poder estar em permanente saltitar, como líder do laranjal açórico.
Em época de transparência e de contenção de despesas, lógico seria que a senhora presidente suspendesse as funções autárquicas ou reduzisse o horário para meio-tempo, com a necessário abatimento do vencimento auferido. Assim, nós, os contribuintes, não estaríamos a pagar com os nossos impostos as horas que a senhora dedica às suas legítimas funções partidárias.
Numa das suas últimas viagens de longo curso à ilha das Flores, a ex- Presidente do Conselho de Administração da SATA Air Açores e actual líder do PSD, decidiu botar sentença sobre o transporte aéreo de carga à partida da ilha mais ocidental dos Açores, defendendo uma reformulação do mesmo.
Acusou Berta Cabral que persiste o “problema antigo” do escoamento do peixe fresco para exportação e que já deveria ter sido resolvido.
Perguntamos nós: - No tempo em que a senhora foi a primeira responsável pela SATA, fez alguma coisa naquele sentido? Aumentou o número de frequências e a capacidade de carga oferecida? Certamente que não!
Como é público e notório, com a nova frota da SATA foi elevada, de forma significativa a disponibilidade e a oferta para o transporte de carga inter-ilhas, não havendo notícia de grandes constrangimentos na exportação normal do pescado.
Berta Cabral afirmou que “…há um problema grave nos transportes, sobretudo ao nível do escoamento de alguns produtos produzidos nas Flores, em particular o peixe. É um problema antigo que já deveria estar resolvido”. O problema antigo, que o era, com maior gravidade, no tempo em que era a Presidente da SATA é que quando existem capturas anormais, por exemplo na época do atum, é impossível escoar de imediato 30 ou 40 toneladas das Flores, da Graciosa ou de S. Jorge…a não ser que fosse possível realizar duas ou três operações utilizando um Airbus 310… que, obviamente não pode operar naqueles aeródromos…
Apesar de já ter sido a primeira responsável da companhia aérea açoriana, Berta Cabral lança questões que só poderiam ser aceitáveis se vindas de quem não tem obrigação de saber da poda.
Aumentar a capacidade de carga dos aviões? O que significa isso? Deixar passageiros ou bagagem no chão para embarcar a carga? (Lembram-se do caso mediático motivado pelo facto da SATA ter deixado no chão, a caminho das Flores, a bagagem da senhora Eurodeputada Patrão Neves?) Reduzir as margens de segurança relativa reduzindo o peso atribuído a cada passageiro embarcado? Abastecer os aviões com o mínimo de combustível, para o bicho ficar mais leve e carregar mais carga? Ou então amarrar as caixas de peixe nas asas?
É preciso concretizar e não apenas lançar frases soltas para o ar que não têm outros objectivos que não sejam os de tentar exponenciar um problema pontual ou capitalizar algum momentâneo descontentamento individual.
Face às afirmações tecidas acerca do escoamento do peixe das Flores, nomeadamente a de que “tem de ser primeiro transportado para São Miguel e só depois pode ser exportado”, só podemos concluir que a visão da líder laranja se confina ao Largo da Matriz ou, nesse caso à Nordela, pois parece desconhecer que, para além de S. Miguel existem mais quatro ilhas a partir das quais existem voos directos para o exterior da Região, ou seja Terceira, Faial, Pico e Santa Maria Paciência…
Já que o PSD de Berta Cabral anda agora de braço dado com o PP de Paulo Portas, por que não solicitar os serviços dos submarinos para escoar o pescado? Ao menos, o peixe manter-se-ia fresco e os submarinos teriam alguma utilidade!