Aproximamo-nos a passos largos do dia 14, data em que os açorianos vão às urnas escolher o próximo Presidente do Governo Regional dos Açores, o qual conduzirá os destinos da nossa região nos quatro anos que aí vêm. Estas não são umas eleições quaisquer, até porque os recentes desenvolvimentos mundiais, europeus, nacionais e regionais já deram provas de que atravessamos uma época austera e conturbada, aparentemente sem rumo definido, e que reclama para o cargo que o próximo domingo elege um governo forte, estável e definido naqueles que são os seus objectivos para os Açores.
Não se trata apenas de uma questão entre Vasco Cordeiro e Berta Cabral, como tantos têm vindo a defender ora em debates televisivos, comentários e comícios. Pelo contrário. Nunca, como agora, houve necessidade de orientar o debate para as soluções políticas dos partidos que cada um representa. Estas não são eleições para reduzir à figura dos líderes dos partidos, mas sim às propostas que cada partido apresenta para o futuro da nossa região. A ideologia do PSD está à vista, não só ao nível da actuação submissa e desnorteada do Governo da República em face da austeridade imposta pela Troika, mas também ao nível das próprias medidas além-troika com que o PSD/CDS/PP decidiram presentear aos portugueses.
No próximo dia 14 de Outubro disputam-se duas visões para os Açores: uma visão que tem dado provas de ser possível conter-se despesa e manter apoios sociais; e uma visão que prefere, como Berta Cabral tão explicitamente defendeu, baixar o preço das tarifas aéreas ao invés de dar apoios como o subsídio de desemprego. Demagogia beta, que vê nos apoios sociais um mal a eliminar.
No próximo dia 14 estão em cima da mesa duas propostas para os Açores: uma proposta que pretende defender os direitos dos açorianos, não aceitando mais austeridade sobre uma região já de si condicionada geográfica e socialmente, e uma proposta que espera pela decisão dos outros para definir a sua decisão, aceitando com placidez o for decidido.
Da cultura à saúde, passando pela educação, pela agricultura (existe?) e por outros ministérios, o PSD tem sido o carrasco do nosso país, dando ao desbarato empresas públicas como se de activos próprios se tratasse. Um Governo que reiteradamente tem aumentado impostos e criado desconforto social a todos os portugueses – bom, não a todos, à pobre classe média – quando vociferou durante a campanha eleitoral não o fazer. Aí até se poderia dar o benefício da dúvida, como se tem dado até então, e defender-se que Passos Coelho não sabia da real situação do país e que, como tal, teve de quebrar a promessa. Conceda-se o argumento, nunca a actuação. O PSD de Passos Coelho não só quebrou a promessa uma vez, como continua a quebrá-la sempre que a Troika espirra e mesmo quando a Troika está descansada em Bruxelas.
Ir para lá do memorando da Troika foi uma ideia peregrina do PSD para equilibrar as finanças públicas. Íamos ser os bons alunos e tal e íamos ter mais compreensão e íamos voltar aos mercados e íamos... bom, não fomos. E como já tive oportunidade de escrever, não só não houve coragem de renegociar um pacote de medidas que, mesmo indo para além do estipulado, apenas provou que a fórmula milagrosa da Troika não funciona, como também se aumentou a carga fiscal sobre os contribuintes, sem dó nem piedade, em propostas de soluções que retirariam dinheiro das pessoas para o entregar às empresas.
Numa época de conturbada indefinição europeia, com os resultados que as soluções sociais-democratas já provaram provocar, a escolha não é, como dizia, entre Berta Cabral e Vasco Cordeiro. É entre a solução do Partido Socialista e a solução do Partido Social-Democrata.
A solução do Partido Social Democrata está à vista, e em caso de dúvida, basta olhar para República e ver a ideologia neo-liberal que lhe assiste. A solução do Partido Socialista está à vista. E em caso de dúvida, olhemos para a nossa região e para o trabalho que tem sido desenvolvido até aqui.
Não restem dúvidas, a 14 de Outubro o voto é um voto no Partido Socialista, um voto em Vasco Cordeiro, um voto num projecto de melhoria da continuidade, numa nova geração de activos e de políticos com coragem, determinação e energia para defender os Açores e defender os açorianos.
Post-Scriptum – Peço desculpa aos neo-liberais a comparação destes com o executivo de Passos Coelho.
Post-Scriptum – Até no grafismo dos mais recentes “outdoors” do PSD houve a necessidade de aguardarem pelo design do PS para o imitar.