Opinião

Uma receita que não serve

A receita que o Governo da Republica nos quer impor para a resolução desta crise não está a resultar, já sabemos. O valor da redução das despesas neste momento só serve para pagar juros a taxas altas que nos são impostas pelas instâncias internacionais que nos emprestam o dinheiro. Não há dúvidas que, hoje, os portugueses estão muito mais pobres, com milhões a viver no limiar da pobreza e com o aparecimento, todos os dias, de novos pobres. O défice teima em não diminuir, apesar de sermos massacrados todos os dias como mais impostos, mais cortes e com o anúncio de mais despedimentos. Ainda assim e apesar de todo este sufoco a nossa dívida continua a aumentar, sem data anunciada para estancar. Fico ainda mais preocupado, quase sem reação, quando oiço, nas visitas que os nossos governantes fazem a Bruxelas ou a Berlim, os líderes europeus a tecerem elogios a esta via, chegando mesmo a referir que vamos no bom caminho. Os portugueses acham que este governo nos está a levar, não por um caminho, mas antes por um beco sem saída, ao contrário desses branqueadores do sofrimento dos outros. Dizem os entendidos que bastava, por exemplo, pagarmos a mesma taxa de juro que a Alemanha paga para gerir a sua dívida pública, para resolvermos esta situação aflitiva com que nos encontramos. É claro que esta solução nunca interessará aos poderosos e percebemos bem porquê. Esses países continuarão, assim como está, a usufruir de taxas vantajosas para gerir as suas dívidas, algumas semelhantes à nossa, enquanto nós temos de nos “virar” para cumprir as nossas responsabilidades. Será este, então, o bom caminho que nos indicam? Não creio.