As coisas começam a ficar feias para a candidatura do PSD à Câmara Municipal de Ponta Delgada.
José Bolieiro, o sucessor de Berta Cabral e seu ex-vice-presidente durante três anos, tem qualidades pessoais. Porém, o cargo que atualmente desempenha está a expô-lo a fragilidades políticas inesperadas e surpreendentes.
O que dizer de um político que depois de 41 meses em funções autárquicas executivas, de topo, afirma que “o sucesso futuro da nossa cidade é da responsabilidade de todos e temos de começar a tratar já dele”?
Esta declaração incrível foi realizada na cerimónia solene de comemoração do 467º aniversário da Cidade de Ponta Delgada. Bolieiro insistiu num discurso de “rotura” que pretendeu reabilitá-lo aos olhos dos munícipes e ao mesmo tempo recuperar a iniciativa política – depois de deixar instalar a sensação de ter sido empurrado para a candidatura através de um anúncio extemporâneo de Duarte Freitas.
O exercício falhou e apenas salientou três aspetos politicamente embaraçosos. Primeiro, que está desesperadamente a procurar branquear as suas responsabilidades autárquicas nos últimos três anos e meio. Segundo, que subscreve o essencial das críticas que a oposição do PS realizou nesse período. E terceiro, que segue uma agenda de temas na esteira do projeto político apresentado por José Contente no dia 2 de março. Sem memória não há verdade.
Outro embaraço foi o anúncio solene, a 1 de abril, que a Câmara não devia um cêntimo a ninguém. Não foi uma peta mas a verdade é que deve. Aliás, é normal que deva a faturação emitida e ainda não liquidada dentro do prazo de 60 dias. O que não deve são valores que correspondam a faturas vencidas. Tratou-se de uma trivialidade. Não deve porque simplesmente não pode dever. É precisamente isso que estipula a recente Lei de Compromissos e Pagamentos em Atraso.
Anteontem ficamos a saber que a Câmara vai ajudar idosos a preencher os formulários de IRS. É uma boa medida. As juntas de freguesia já o fazem desde 2007 e a RIAC desde 2011. A Câmara seguiu bons exemplos.