No passado mês fiz referência à falta de preparação do atual Governo dos Açores para enfrentar a situação socioeconómica que estamos a atravessar sobretudo consequência do aumento dos preços energéticos e agroalimentares. Essa falta de preparação foi por demais evidente nos últimos dias quando se anunciou um desconto, concertado com a Associação Regional de Revendedores de Combustíveis, que afinal ainda não existia e que ainda terá de ser operacionalizado. Ou seja, perante uma situação que já prejudica famílias e empresas o que tivemos foi um conjunto de intenções atrasadas. Mais estranha essa conduta se torna quando, estando nas mãos deste Governo a baixa do ISP nos Açores fazendo com que previsivelmente o preço da gasolina baixasse 21 cêntimos e o gasóleo 32 cêntimos, se opta por um anunciado desconto ao consumidor só de 10 e 11 cêntimos, respetivamente.
Não acho que haja justificação possível para que esta opção política seja tomada por quem bate no peito por ter diminuído os impostos nos Açores e agora utiliza o contrário dos argumentos utilizados para justificar a não mexida no imposto sobre os produtos petrolíferos.
Só se entende esta opção política com a necessidade de manter receitas fiscais suficientes para fazer face ao aumento de custos da máquina política que foi montada na administração pública regional. De outra forma não se entende esta falta de solidariedade por parte do atual Governo Regional para com as famílias e as empresas.
Mas, a vida não está mais cara só quando vamos à bomba de gasolina. Não sentem diferença quando vão ao supermercado? Perguntem a um agricultor quanto está a pagar a mais pela ração que precisa. Pois é caros ouvintes, está tudo mais caro e o que temos de medidas nos Açores para colmatar estes aumentos brutais é uma mão cheia de nada.
(Crónica escrita para Rádio)