Opinião

Pântano

À medida que o tempo passa, ganha força a ideia de que a atual solução governativa não agrada nem aos próprios. O PSD sonha com o dia em que possa governar sozinho. O CDS, farto dos amuos do PPM, dos dislates do Chega e dos vaipes da Iniciativa Liberal, agarra-se como uma lapa à convicção de que aqueles jamais terão coragem para rasgar o acordo. O PPM ainda nem acredita na sorte que teve. Põe e dispõe no governo muito mais do que a força que lhe confere os menos de 2.500 votos que recebeu nas urnas. Já a Iniciativa Liberal e o Chega, por mais que estrebuchem, sabem que estão presos a um acordo que os responsabiliza. Na prática, estão frustrados por nada mandarem. Só lhes resta o consolo de acreditar que poderão vir a substituir o CDS e o PPM numa futura coligação. É deste jogo de espelhos, de pequenos grandes egos, tacticismo puro e lenta contagem de espingardas que se faz hoje uma governação que já só ambiciona chegar ao fim. É isto o pântano. Todos sabem que a coisa não dá mais do que isto. E lá vão, penosamente, sem rasgo ou entusiasmo, arrastando a Região. Bonito serviço que arranjaram.