De barretinho estendido à espera de que a República dê a esmola, assim vai o Governo degradando a Autonomia Regional. Tem sido isto, ultimamente.
Multiplicam-se as vozes queixosas de uma maioria que tenta, incessantemente, disfarçar as suas incapacidades, ora apontando um dedo de culpa à República, ora estendendo a outra mão à espera da moedinha.
Não foi diferente na última segunda-feira. No dia maior da Região, dia em que se celebrou a nossa história, a nossa herança e o nosso sentir enquanto Povo, os que suportam o Governo atiraram culpas, uma vez mais, à República.
Terão esquecido as verbas que desperdiçaram? Terão esquecido o montante de que prescindiram, ou deixaram perder, por erro ou incompetência? Nós não e estou certa de que as Açorianas e Açorianos também não o esqueceram.
Falamos de 450 milhões de euros, um montante que poderia ter estado ao dispor da Região nos últimos dois anos e de que nada sabemos. Foram 68 milhões esquecidos no furacão Lorenzo, 125 milhões entregues ao Banco de Fomento, 117 milhões perdidos nas Agendas Mobilizadoras e 140 milhões de receitas fiscais de que o Governo prescindiu. Quem do PSD/CDS-PP/PPM/CH ou IL, se responsabiliza por essas perdas?
Mas mais, num momento em que os Açores têm à sua disposição o maior volume financeiro de que alguma vez dispôs para investir, sabemos hoje que em pouco mais de dois anos de governação do PSD/CDS-PP/PPM, com o apoio do CH e IL, a Região passou da melhor taxa de execução de fundos comunitários, para a 5ª do país. Quem do PSD/CDS-PP/PPM/CH ou IL se responsabiliza por essa evidente degradação?
Face a toda esta incapacidade e inoperância, o Governo dos Açores está a fazer regredir a nossa região. E, em modo recuo, estende o barretinho à República, colocando os Açorianos como pedintes.
Este Governo está a atropelar a nossa Autonomia, embargando a nossa voz que tanto custou conquistar... já só nos falta cair de joelhos. Os Açores e os Açorianos sabem fazer muito melhor! Já o fizemos!
No passado, respeitando e valorizando a nossa Autonomia não deixávamos por mãos alheias os nossos destinos. Quando foi necessário, a Região assumiu as responsabilidades defendendo os interesses dos Açorianos, sempre em primeiro lugar. E, quando foi necessário acudir à República, por solidariedade, também o fizemos, como, aliás, tem de ser!
Da nossa parte, estamos como sempre estivemos: ao lado dos Açores, ao lado dos Açorianos, ao lado da nossa Autonomia, porque essa é, não só, mas sobretudo, sabermos o que podemos e devemos fazer por nós próprios.
(Crónica escrita para Rádio)