Opinião

Branca

Julho trouxe uma novidade a Ponta Delgada: a estátua da Madre Teresa D´Anunciada foi retirada do adro da igreja do Senhor Santo Cristo dos Milagres, onde havia sido colocada, com toda a pompa e circunstância. Ficou assim provada a razão de todos quantos se tinham manifestado contra aquela ação perfeitamente despropositada. Resta agora saber onde irá ser colocada; se vão mesmo voltar a colocá-la ao lado do Banco de Antero ou noutro lugar qualquer… veremos o que nos traz setembro, porque agosto não é para coisas destas.
Agosto – a avaliar pelo que se pôde ver nos últimos dias – é para a malta se divertir na Festa Branca, que enche a cidade de peixes e baleias de fingir e de águas-vivas de plástico a cobrir os céus. Um consolo.
No dia em que esta crónica sair já toda essa azáfama branca se terá ido embora e a cidade voltará à sua normalidade mais escura… Sem carros em algumas das suas principais artérias, com autocarros engalfinhados em gentes e todo o tipo de veículos na avenida marginal; ainda sem uma Central de Camionagem; ainda sem um sistema de transportes coerente e que sirva, de facto, os cidadãos; ainda sem o Mercado da Graça aberto e em condições; ainda sem uma solução para a Calheta. Sem festa branca, voltaremos (todos) à realidade.
A realidade de Ponta Delgada, aquela que se pode ver todos os dias não é, infelizmente, a melhor.
É, além de tudo o que já se elencou, e o mais que se poderia dizer, a de uma cidade suja, com um sistema de recolha de lixo, que não funciona; com falta de limpeza de ruas e jardins, entre outras circunstâncias, que servem para se ir dizendo umas coisas… que não passam disso mesmo.
Coisas. De modo que o que nos parece restar é a esperança pela brancura do próximo agosto, onde uma festa de baleias, peixes, águas-vivas e, outras espécies semelhantes, nos poderão fazer esquecer esta normalidade mais escura, que é Ponta Delgada, quase sempre.