Opinião

A última cartada

Decorre a análise do Plano e Orçamento da Região nas comissões permanentes da Assembleia Regional, prevendo-se a votação dos documentos no dia 24 de novembro.
Se é verdade que a procissão ainda vai no adro, não é menos verdade que o PSD já pôs os pontos nos i’s e os traços nos t’s, afirmando que, ainda que o orçamento seja reprovado, o Governo não se demite. Ora aí está, um Governo humilde, transformista, estável e plural.
Desde cedo se percebeu que a centralidade do parlamento era conversa para boi dormir. Basta ouvir os partidos que inicialmente suportaram esta solução queixarem-se das iniciativas legislativas aprovadas e não concretizadas, ou ainda dos compromissos firmados e sucessivamente ignorados.
Desde cedo se percebeu que a estabilidade anunciada foi urdida sobre frágeis estacas. Foram dando a mão a um e a outro ao sabor do vento e da sobrevivência política.
Desde cedo se percebeu que o novo paradigma anunciado se traduziu em orgânicas e nomeações à medida dos interesses partidários. Já perdi a conta dos especialistas nomeados. Só por conta da Secretaria do Ambiente a orgânica muda a cada concurso, cujo desfecho não é o pretendido. A última versão, passa tudo a nomeações, afinal de contas concursos para quê?
Desde cedo se percebeu que a transparência serviu e preencheu discursos de circunstância, mas nunca chegou a ver a luz do dia. Veja-se o caso emblemático das Agendas Mobilizadoras.
E os Açores e os açorianos no meio disto tudo? São a paisagem de fundo neste filme de quinta categoria.
Com a máscara no chão, Bolieiro joga a última cartada: o maior orçamento de sempre; o mais amigo deste e daquele; o que cresce aqui e ali. O verdadeiro milagre da multiplicação dos euros.
Escutem! Prestem bem atenção! Parece-me que consigo ouvir a sua voz dizer nunc est (ou em português “agora é que é!”).