Ao contrário de diversos escribas cá do burgo que nas últimas semanas foram gastando os seus caracteres e caracteres (não é repetição é polissemia) com touradas e bailinhos, atividades que, sublinhe-se, merecem o nosso apoio incondicional enquanto consumidor-pagador e, quando gratuitas, apreciador-gastador, para nada escreverem em relação à miserável (Álamo magisterdixit) anteproposta de Plano que espelha o desprezo da coligação Bolieiro/Lima/Estêvão para com a Terceira, não vou utilizar, aquele expediente dilatório e, por vezes, anedótico (há quem no CDS precise de recordar as abstenções em relação à Sorte de Varas para acalmar a excitação taurina), para eximir-me de escrever sobre a demissão de António Costa, até porque existem paralelismos entre a crise política na República e a eminente crise política da direita na Região.
Se dúvidas havia em relação à retidão republicana de António Costa para o exercício do cargo, estas ficaram dissipadas, quando na terça-feira, pela frase "invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro" da autoria do gabinete de empresa da PGR de imediato se demitiu, mesmo tendo uma sólida maioria, considerando que as funções de primeiro-ministro não eram compatíveis com qualquer suspeita da sua integridade, o que mostra um total desapego em relação ao poder.
Este desapego de Costa contrasta com o apego grudado do triunvirato Bolieiro/Lima/Estêvão ao poder na Região, veja-se que aquele com uma maioria sólida não hesitou um segundo em afastar-se pela dignidade do cargo e fê-lo sem qualquer acrimónia, já estes sem uma maioria, sem acordos, sem orçamento aprovado e, já agora, sem ponta por onde se pegue, já fizeram questão de anunciar que não se demitem nem devolvem a palavra ao Povo.
Se Bolieiro considera que a decisão tomada pelo PR "foi um bem para o país", após o chumbo do Orçamento Regional, não lhe resta outra alternativa senão, por sua iniciativa, fazer um bem à Região e demitir-se, pois não se pode, sem perder a face, pregar eleições na República e fugir delas na Região.
