Opinião

Escanchados

Tivesse o Governo Regional do CDS, PPM e, quem sabe, do PSD, assegurado o apoio político dos seus parceiros de incidência parlamentar, IL, CH, deputado independente e, quem sabe, PAN, e na passada segunda-feira, dia 1 de janeiro, entraria em vigor o Orçamento Regional para 2024. Só assim não foi, por total incapacidade da Coligação para manter o apoio maioritário da Direita à sua tentativa de governação. 

A matemática é simples, o orçamento da Coligação só foi chumbado porque a Direita assim o quis, daí que a conclusão seja, também ela, simples: A Coligação de Direita, nem foi capaz de agradar ao seu apoio parlamentar de Direita, ou melhor dito, a Direita na Região devorou-se!

E agora, em plena devoração, a Coligação quer tentar vender aos Açorianos, mais ou menos como quem vende água sem caneco, que este hipotético orçamento, que não mereceu o apoio dos seus antigos parceiros no Parlamento, iria fazer correr leite e mel sobre estas terras de lava.

Seria com aquele orçamento para 2024, que se pagariam, dizem eles, os valores, em alguns casos há dois e três anos, em dívida aos agentes culturais (membros das filarmónicas, grupos de teatro e folclores, sabem a que me refiro), aos agricultores e respetivas associações (os agricultores, os seus filhos e familiares, sabem do que falo), aos pescadores (armadores e pessoal das embarcações, conhecem essa realidade), aos clubes desportivos (dirigentes e atletas não ignoram este facto), etc., em suma, tudo o que não foi pago, no devido tempo e com a regularidade e previsibilidade necessária, seria agora pago!

Um roteiro pelos representantes daqueles sectores demonstra, à saciedade, que na nossa ilha não são eles a depender dos apoios do Governo Regional, antes pelo contrário foi o Governo Regional que no último ano se "escanchou", literal e metaforicamente, em cima das instituições, não pagando o que lhes era devido a tempo e horas, de modo a ter alguma tesouraria para tentar fazer uma coisinha ou outra, a ver se deixava obra, que não fosse a mera conclusão de projetos iniciados pelo Governo do PS/Açores, como é exemplo o parque de baterias da Vinha Brava.

Não fosse a Junta Geral da Terceira, ou seja, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e neste momento teríamos a ilha a definhar perante o total abandono da Coligação.