Na minha crónica do passado dia 7 de fevereiro, onde fiz uma pequena análise sobre os resultados das últimas Eleições Legislativas Regionais, deixei no ar algumas questões e terminava a crónica dizendo que faltava ainda saber em que condições haveria um novo Governo Regional.
Por este motivo ouvi com grande atenção aquela que foi a comunicação do Representante da República, mas também tive curiosidade em ir rever a sua comunicação após as eleições regionais de 2020.
E sem surpresa lá aparecem as incoerências nas interpretações das circunstâncias que ambos os atos eleitorais nos trouxeram. E para comprovar o que digo nada melhor que citar o próprio.
Em 2020 dizia o Sr. Embaixador que “…o PS, não obstante ter obtido (…) o maior número de votos e o maior número de mandatos, não apresentou nenhuma coligação de governo. Também não celebrou com outros partidos acordos escritos de incidência parlamentar capazes de alargar a sua base de apoio para além dos seus próprios 25 Deputados”.
Já em 2024 o Sr. Embaixador diz o seguinte: “…não foi formada nenhuma coligação pós-eleitoral. Segundo também não foi firmado nenhum acordo de incidência parlamentar com o objetivo de permitir às forças com maior representação na Assembleia Legislativa alcançar a fasquia dos 29 deputados e por conseguinte suportar uma solução governativa”.
Ou seja, a importância de haver acordos escritos desapareceu por completo. Em 2020 os acordos foram motivo para não se indigitar quem venceu e em 2024 já ninguém precisa de acordos.
Fica assim claro como água que a incoerência e a mudança de opinião conforme as circunstâncias nunca estiveram do lado do PS Açores, mas sim do lado dos partidos da coligação e sobretudo com a conivência do Sr. Representante da República.
(Crónica escrita para Rádio)