O socialismo na Europa, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, trouxe avanços significativos no bem-estar social e na equidade económica. Movimentos trabalhistas e partidos socialistas impulsionaram a criação dos serviços de saúde pública, de educação gratuita e políticas de proteção social.
Todos os países europeus apreciados como exemplos a seguir, viram os seus padrões de vida melhorar através de políticas socialistas.
Contudo, ao longo das últimas décadas, esse espírito transformador parece ter sido eclipsado por uma crescente tecnocracia nas instituições europeias. A União Europeia tornou-se sinónimo de regulamentação complexa e decisões centralizadas, frequentemente criticadas por serem distantes das necessidades reais dos cidadãos. O foco na eficiência económica e na estabilidade financeira, embora importante, muitas vezes negligenciou a componente humana e social que esteve na origem do projeto europeu.
Esse excesso de tecnocracia quebrou a ligação entre as elites políticas e a população e fomentou sentimentos de desconfiança. Por exemplo: as medidas de austeridade implementadas durante a última crise económica, muitas vezes ditadas por tecnocratas, não só de Bruxelas, exacerbaram as desigualdades sociais e minaram o legado dos grandes socialistas fundadores da União Europeia.
A perda desse legado de inclusão e equidade social contribuiu para um clima de descontentamento que tem facilitado a ascensão da extrema-direita nacionalista por toda a Europa.
Por isso, é tempo de reverter essa tendência. É tempo de se exigir uma reconexão das políticas europeias e do pragmatismo tecnocrático com os ideais de justiça social que tanto contribuíram para a construção de uma Europa mais justa e igualitária.
(Crónica escrita para Rádio)