Opinião

Queremos respostas!

Desde o incêndio de 4 de maio, a situação no HDES tem gerado preocupação. Como maior partido da oposição, temos procurado ser construtivos, não impedindo a atuação do Governo, mas mantendo uma vigilância constante. O que temos visto até agora é uma sucessão de falhas e falta de organização.

Recentemente, foram anunciados protocolos com diversas entidades para garantir o transporte de doentes entre o HDES e o Hospital Modular. Contudo, a realidade vivida pelos doentes nos últimos meses foi bem diferente. Durante esse tempo, recebemos relatos de doentes, que foram transportados em carros alugados, sem condições mínimas de conforto. Doentes, que saíam do H. Modular e que tinham de se deslocar à CUF, ou vice-versa, em múltiplas viagens no mesmo dia, num cenário de total desorganização.

Agora, com o H. Modular a funcionar, o Governo parece acreditar que o problema foi resolvido. No entanto, o PS não pode, nem deve, ficar calado. A administração do HDES também reconhece que ainda há muito a fazer, como admitiu, em recente entrevista à RTP/A, um membro do Conselho de Administração, ao afirmar que “a verdadeira normalidade só será alcançada quando o HDES voltar a funcionar plenamente no seu edifício-mãe”. Isto revela que, apesar das aparências, a solução ainda está longe de ser uma realidade.

Há questões muito sérias, que continuam sem resposta. O atraso nos pagamentos dos apoios a doentes oncológicos, por exemplo, é uma situação alarmante que prejudica pessoas em tratamento. O mesmo acontece com a demora na disponibilização de tratamentos para os doentes de Machado-Joseph.

Documentos a que tivemos acesso e declarações de ex-administradores do HDES e especialistas independentes indicam que, se houvesse empenho, seria possível reabrir as urgências em 60 dias, a partir de 18 de junho de 2024, nas mesmas condições em que estavam antes do incêndio.

Diante disso, não podemos ficar em silêncio. Exigimos respostas, e, por isso, solicitámos a criação de uma Comissão de Inquérito.

Soubemos 4.ª feira à noite que ela foi aceite e que será analisada pela CAPADS. Um Governo verdadeiramente democrático e responsável deve estar disposto a responder às perguntas da oposição, ou estamos diante de uma falácia de transparência e estabilidade? O tempo de ignorar as nossas questões já passou.