Opinião

Mais dúvidas que certezas

I - O próximo orçamento comunitário: agora e sempre
 
O Financial Times deu novamente conta esta semana dos planos da Comissão Europeia de proceder a uma revolução na forma e na execução do próximo Orçamento Comunitário, o denominado Quadro Financeiro Plurianual, que cobrirá o período de 2028 - 2034.
Assente na nova Bússola para a Competitividade Europeia, a Comissão estará tentada a propor um Orçamento hiperconcentrado - em torno de apenas 3 grandes fundos - e mega centralizado, com "um plano para cada país com reformas e investimentos importantes", emulando o exemplo do Plano de Recuperação e Resiliência.
Ora, o problema não está em tentar mudar o estado das coisas e ter no orçamento comunitário uma ferramenta essencial para promover a tão necessária competitividade europeia. Isso não só é preciso, como temos de olhar também para os montantes que alocamos para esse fim.
Como cedo alertei, inclusive com uma carta dirigida à presidente da Comissão, o risco maior está em - sob a capa da "eficiência" e da "competitividade" - se afunilem as prioridades em áreas de que regiões mais frágeis simplesmente não podem beneficiar ou, pior, se passe por cima das suas competências próprias e do principio da subsidiariedade, inscrito nos Tratados.
Continuo a pensar que, mais do que estar preocupado em defender a respetiva família política, o nosso dever passa por trabalhar para salvaguardar os interesses da nossa Região. Até porque onde há fumo, em regra, há fogo. 

 

II - Eleições na Alemanha
 
O que acontece na Alemanha normalmente não fica apenas na Alemanha - isso, pelo menos, no que se refere à União Europeia! É por isso que as eleições do próximo dia 23 são tão relevantes para todo o projeto europeu.
A abertura - política e ideológica - do principal concorrente no centro direita - a União Democrata-Cristã (CDU)- às ideias xenófobas, ultranacionalistas e populistas da Alternativa para a Alemanha (AFD) é um sinal dos tempos e de como os ditos conservadores europeus perderam não só o norte como os princípios.
Esperemos que as demonstrações que tem existido um pouco por todo o país sirvam de última barreira moral e política a uma associação pós-eleitoral que envergonha o legado de chanceleres históricos da CDU de Adenauer a Kohl e a Merkel.

 

III - Ainda o HDES

Vieram esta semana a público relatórios internos que adensam as dúvidas sobre a forma, o tempo e os critérios que levaram à decisão de contratação e edificação do Hospital Modular, por oposição à recuperação e melhoria do HDES.
Ao contrario do que nos querem fazer crer, com a complacência e bonomia de alguns comentadores e Órgãos de Comunicação Social, são muito mais as dúvidas do que as certezas e mais ainda as perguntas do que as respostas que tardam em aparecer.
A ideia peregrina segundo a qual quem ousa criticar ou até mesmo questionar as opções seguidas, não está do lado dos açorianos é sintomática de quem está aflito e não sabe como responder. Pior, corresponde a uma tentativa de enfraquecimento do contraditório e do escrutínio, tudo coisas que devem merecer denúncia e combate firme.