O Parlamento dos Açores, também por iniciativa do PS, promoveu em diversos momentos e por várias formas – debate de urgência, requerimentos e audições em comissão – iniciativas com vista ao cabal esclarecimento das opções políticas adotadas pelo Governo Regional após o incêndio do HDES. Em todos esses momentos, o Governo foi pouco transparente e revelou mais vontade em esconder do que em esclarecer. Desde então, foi forte na propaganda e fraco no diálogo. Mas a verdade impõe-se: as decisões tomadas após o incêndio devem ser avaliadas a fundo. A nossa Região, no que diz respeito à Saúde, passou a ter um antes e um depois de 4 de maio de 2024.
Desde logo, foi notório o abandono da recuperação do HDES em prol da construção do Hospital Modular. No entanto, a recente divulgação de relatórios técnicos prova que a reabilitação do HDES era viável e que a urgência poderia ter sido reaberta em agosto de 2024. O Governo optou por ignorar essa possibilidade, recusando-se a debater alternativas e escondendo informação crucial. Foi a opção fácil, mas são cada vez mais as evidências de que não terá sido a opção certa. O Governo Regional falhou na sua missão mais básica: garantir cuidados de saúde seguros, dignos e em tempo útil aos açorianos, e aos micaelenses em particular.
A ausência de liderança política neste processo teve efeitos devastadores para o nosso Serviço Regional de Saúde. Nos últimos nove meses, a degradação dos serviços de saúde tornou-se evidente e é sentida diariamente por milhares de utentes. Esta situação compromete o futuro da Saúde nos Açores na próxima década. O agravamento das listas de espera cirúrgicas e de consultas de especialidade é alarmante, temos pacientes com diagnósticos tardios, muitas vezes com consequências irreversíveis para a sua saúde.
Perante esta crise, esperava-se uma resposta firme e esclarecida por parte do Presidente do Governo. No entanto, mais uma vez, escolheu a ausência em vez do debate, um sinal claro da falta de coragem política para justificar as suas decisões. Fugir ao esclarecimento não apaga os erros cometidos, nem reduz o sofrimento dos açorianos que dependem do Serviço Regional de Saúde.
O Governo Regional falha com os Açores. Falhou na gestão da crise, falhou na liderança política e falhou com os doentes. Esta é uma crise que vai muito além da reconstrução de um edifício; colocou-se gravemente em causa a confiança no Serviço Regional de Saúde.