Falando na Universidade de Verão do Instituto Açoriano de Estudos Europeus e Relações Internacionais no painel Geopolítica, um Conceito em Transformação, o Presidente do Grupo Parlamentar defendeu a importância de um alargado compromisso de afirmação da centralidade geopolítica dos Açores. Segundo Berto Messias “num tempo de excepção e de grandes dificuldades, os agentes do sistema político tem de ter a capacidade de criar consensos, compromissos e uma frente comum de afirmação da centralidade geopolítica dos Açores. Temos assim de reforçar a nossa preparação para debater estes temas relacionado com o conceito geopolítico. Temos de, nesse âmbito, continuar a afirmar os Açores e a sua importância e a sua centralidade. E devemos fazê-lo com confiança e convicção, porque temos muito para oferecer em diversas dimensões. Devemos encarar qualquer processo negocial sem olhar de baixo para cima, mas olhos nos olhos porque temos recursos e mais-valias significativas que tem de ser consideradas pelo Estado Português e por parceiros europeus e internacionais.”
“Estamos de facto no centro de mundo. Se abrirmos um planisfério verificamos que no centro está o Atlântico e no centro do Atlântico estão os Açores, portanto afirmar a nossa centralidade não é um mero cliché ou narrativa circunstancial, é um facto indesmentível”, defendeu Messias.
O Presidente do Grupo Parlamentar do PS Açores defendeu que as prioridades imediatas na afirmação desta centralidade geopolítica dos Açores, “devem ser as questões relacionadas com a Base das Lajes, a capacidade diplomática quer politica quer económica e os assuntos do Mar”.
“Realço três ideias relacionadas com a nossa dimensão geopolítica e com a transformação deste conceito, que devem merecer a nossa atenção, enquanto contributo importante para o nosso desenvolvimento no médio prazo. Refiro-me ao nosso posicionamento sobre a Base das Lajes; a uma nova postura e nova abordagem à representação externa açoriana e às vias diplomáticas decorrentes dessa nova abordagem; e à nova geopolítica mundial associada aos assuntos do Mar, onde os Açores têm especial interesse”, afirmou Messias.
Na abordagem à Base das Lajes, Berto Messias defendeu que “não nos podemos distrair nem deixar que nos distraiam do essencial. Esta é uma situação que tem de ser resolvida por via diplomática, tendo no centro da agenda o impacto social e económico desta base para a nossa comunidade. E essa abordagem não nos deve diminuir ou colocar-nos numa posição inferior. A Base das Lajes é um activo importantíssimo para os Estados Unidos e tem significativas mais-valias pela utilização do nosso território. Messias referiu ainda que “apesar da histórica e longa cooperação bilateral entre Portugal e Estados Unidos, ancorada sobretudo nas Lajes e nos Açores, a forma como os Estados Unidos lidarem com este processo será decisiva para o futuro dessa relação”.
O Lider Parlamentar Socialista referiu como segunda ideia a importância de uma representação açoriana externa forte, interventiva e com capacidade de influenciar decisões além-fronteiras com impacto na nossa Região. “Os Açores devem valorizar cada vez mais acções diplomáticas externas, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista económico. Evoluímos muito, mas precisamos de muito mais. É certo que vivemos num quadro institucional do Estado português com a devida representação externa ao nível dos Negócios Estrangeiros, mas também é certo que muitas vezes essa representação externa nacional não está habilitada ou empenhada em defender convicta e convenientemente os interesses dos Açores enquanto interesses comuns aos interesses nacionais”.
Berto Messias relembrou o “bom exemplo desta nova acção diplomática que foi levada a cabo recentemente pelo Presidente do Governo, realizando um conjunto de encontros e de reuniões com membros do Congresso norte-americano com responsabilidades na área da defesa, da política externa e com ligações afectivas aos Açores. Tratou-se, assim, de um bom exemplo de afirmação diplomática dos Açores no exterior”.
Finalmente, Berto Messias referiu a importância da nova geopolítica do Mar, realçando que “a importância deste recurso e as mais-valias evidentes dos Açores aumentam os nossos desafios, mas também a nossa responsabilidade e atenção sobre os piratas dos tempos modernos, aqueles que se recusam a respeitar os limites geográficos e competenciais existentes pretendendo gerir e interferir indevidamente na gestão de um recurso que é nosso e do qual devemos ser os principais beneficiários. A gestão partilhada do Mar dos Açores e a gestão e ordenamento do espaço marítimo açoriano é algo que jamais abdicaremos e desenvolveremos todas as diligências necessárias para afirmar estes propósitos, porque o mar dos Açores é dos Açorianos e devemos ser nós os principais beneficiários das suas mais valias”.