Catarina Moniz Furtado apresentou esta quinta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores, o seguinte voto de pesar, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
VOTO PESAR
Padre Edmundo Pacheco
A 15 de março de 2015, a sociedade açoriana perdeu um Homem Bom. Edmundo Pacheco era culto, sensato e solidário, um verdadeiro humanista, que viveu a sua vida religiosa como viveu cada um dos seus dias: com dedicação inabalável e um exemplar sentido de entrega ao Outro.
Morreu com 89 anos, após uma vida de plena comunhão com a sociedade ribeiragrandense que o viu nascer, crescer e exercer o seu sacerdócio, quer na sua freguesia natal, Conceição, quer a freguesia vizinha, Matriz.
A sua intensa e longa intervenção cívica abrangeu áreas como a educação, a comunicação social, a solidariedade social, o deporto e mesmo a política.
O Padre Edmundo, como era conhecido, contribuiu, enquanto professor, para uma formação rica em valores estruturais de várias gerações de jovens ribeiragrandenses. A sua tranquilidade e sabedoria foram sempre transmitidas com alegria e sorrisos afáveis a todos quantos tiveram o privilégio de frequentar as suas aulas.
Expressões como “e o nosso Sporting?” eram um cumprimento cúmplice frequente a todos os que sabia partilharem do gosto pelo clube futebolístico do seu coração. Nunca se coibiu de informar, no final das suas missas, a hora a que o Sporting jogava ou o resultado obtido pela equipa que lhe enchia a alma desportiva.
As suas crónicas jornalísticas, semanalmente na rádio ou através da imprensa escrita, transmitiam sempre o seu imenso conhecimento geral, mostravam, sem rodeios, o Homem de Saber que ele era, naquela modéstia e naturalidade tão suas e que para sempre lembraremos.
As suas homílias eram, inevitavelmente, momentos de aprendizagem para os paroquianos, contextualizando as leituras e o evangelho de modo simples e claro. No final da liturgia, pedia uma salva de palmas, com a naturalidade de quem está entre família, sempre que algo de bom acontecia, a nível local ou com algum paroquiano em particular, sem receios ou hesitações, independentemente das orientações da Igreja a cada momento.
Exemplo da sua modéstia é a escolha da Capelinha das Aparições para rezar a sua Missa Nova, onde cabiam apenas 3 pessoas, quando na altura era o mais jovem padre do país, pois havia conseguido ser ordenado com 22 anos, ao contrário dos habituais 24 anos.
Nasceu em tempo de Outono, a 28 de outubro de 1925, mas viveu com as cores e a alegria do Verão, e o verde dos seus olhos doces transmitiam, para além do clube verde e branco que amou desde sempre, a frescura que sempre caracterizou a sua existência.
Morreu um Grande Homem, ficam as memórias da sua ternura, da doçura da voz, do seu imenso conhecimento.
Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, propõe à Assembleia Legislativa Região Autónoma dos Açores a aprovação do seguinte Voto de Pesar:
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, reunida em sessão plenária no dia 16 de abril de 2015, lamenta a morte do Padre Edmundo Pacheco e endereça voto de pesar à família enlutada.
Do presente Voto de Pesar deve ser dado conhecimento à família, à Diocese de Angra, à Assembleia Municipal da Ribeira Grande, à Câmara Municipal da Ribeira Grande e ao Sporting Clube Ideal.