O cabeça de lista do PS/Açores às legislativas do próximo dia 4 de outubro considerou esta quarta-feira que além da “incompetência” que o Governo da República demonstrou na negociação do envelope financeiro para compensar os agricultores portugueses, na atual crise que afeta o setor leiteiro, quer ainda que seja a Região a pagar essa mesma incompetência da República.
Carlos César falava na ilha do Faial no decorrer de um comício que teve lugar no Polivalente dos Flamengos.
“O PSD acha que é o Governo Regional que não só deve pagar a incompetência do Governo da República na negociação relativa ao preço do leite no quadro europeu, como, ainda por cima, deve retirar mais verbas do seu Orçamento, dos fundos europeus e do POSEI que já estão afetados à agricultura dos Açores, e que não são por isso reforçados pela República”, destacou o candidato socialista.
Para Carlos César, há uma grande diferença entre a candidatura do PS e do PSD nos Açores, sublinhando que Berta Cabral tem estado “sempre ao lado do Governo da República”, ainda que isso signifique estar contra os Açores, como são exemplos a crise no setor do leite, a Universidade dos Açores, a RTP Açores e a maioria dos serviços do Estado na Região. “Com Passos Coelho e com Berta Cabral a fatura é sempre mandada para cá, dizendo paguem, com os nossos respeitosos cumprimentos. Não, obrigado”, afirmou Carlos César.
O também Presidente do PS nacional lembrou ainda o estado em que se encontrava o setor agrícola nos Açores quando chegou ao Governo Regional, em 1996, considerando que quer a indústria quer as explorações agrícolas encontravam-se num período quase “medieval”, enfatizando todo o trabalho desenvolvido pelos governos do Partido Socialista na Região de recuperação do setor agrícola com “o investimento na formação dos agricultores, levando água e eletricidade às explorações, a mecanização das explorações e a modernização da indústria de lacticínios”. Segundo Carlos César, foi graças a esta aposta que o setor ganhou outra competitividade que permitiu que fosse o “setor que melhor desempenho teve” durante o período de crise.
“Mas agora estamos perante uma situação diferente que tem menos a ver com a liberalização das quotas leiteiras e mais a ver com a desregulação do comércio provocada por excesso de oferta, pelo bloqueio à Rússia e pela paralisação e impedimento de outros mercados tradicionais”, explicou o candidato, acrescentando que o “que se exigia era que o Governo da República, na negociação com a UE, tivesse conseguido para Portugal um envelope maior do que aquele que conseguiu, ao contrário do que aconteceu com a Espanha, que mesmo diminuindo o peso relativo na produção face a Portugal conseguiu um envelope maior”.
Carlos César sublinhou, neste sentido, que além das medidas transitórias será fundamental o reforço do envelope destinado a compensar o rendimento dos produtores de leite.
O número um da lista socialista à Assembleia da República pelo círculo eleitoral dos Açores criticou ainda a Coligação do PSD e CDS/PP pela forma como governou Portugal nos últimos quatro anos, afirmando que o défice agora conhecido é um exemplo do insucesso da governação da direita.
“Ficamos hoje a saber que o défice das contas públicas do Estado, para este ano, será superior à previsão mesmo excluindo aquilo que é imputado ao insucesso do Governo da República com o lucro da venda do Novo Banco. O défice do Estado em Portugal será, comparativamente ao PIB, mais de 40 vezes superior ao défice da Região Autónoma em relação ao Produto Interno Bruto. Assim se vê quem leva o país à bancarrota”, demonstrou Carlos César.