Lara Martinho, deputada do PS/Açores à Assembleia da República afirmou esta quinta-feira que a estratégia espacial portuguesa, “Portugal Espaço 2030”, foi definida como uma ambição nacional, traduzindo-se hoje numa realidade, e concretizada nos Açores.
A vice-presidente da bancada do GPPS, que intervinha na audição ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento de Estado para 2021, reforçava assim a forte componente de valorização do posicionamento no Atlântico, dando como exemplo a criação da “Portugal Space, com sede em Santa Maria, do AIR Centre na ilha Terceira, que inclui o laboratório de Observação da Terra, o ESAlab@Azores”, e com o processo de criação do porto espacial em Santa Maria, que engloba ainda um teleporto, instalações para teste de motores e instalações de aterragem de preparação de cargas úteis suplementares para futuras aeronaves espaciais.
“O investimento público mais do que duplicou nos últimos quatro anos. Em 2016 estava na ordem dos 25 milhões de euros e, em 2021, estimasse que seja de 52 milhões de euros”, referiu a deputada, acrescentando ainda o peso que este setor representa para o privado, dando como exemplo a componente espacial do Copernicus que atribuiu às empresas portuguesas contratos no valor de 10 milhões de euros.
Lara Martinho destacou ainda que este papel de Portugal no setor espacial “tem afirmado também o nosso país politicamente”, assumindo em 2021 a copresidência da ESA, com França, a presidência da rede EUREKA e a próxima presidência da União Europeia
Nesse sentido, e centrando-se nos quatro grandes desafios nacionais nesta matéria, a deputada socialista solicitou ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que explicasse em pormenor “a questão da constelação atlântica, associada ao AIR Centre, mas também a questão do 5G e do potencial para os Açores e para a Madeira, e a criação do ecossistema de inovação espacial, especificamente em Santa Maria”.
Manuel Heitor, por sua vez, referiu que Portugal lidera a inovação espacial, afirmando que em menos de três anos “multiplicámos o investimento no setor, e a previsão para 2021 é de um aumento de cerca de 35%”.
Relativamente aos quatro desafios, o Ministro destacou, em primeiro lugar, o reforço da observação da terra, no contexto europeu e no âmbito do programa ‘Planeta Digital; o reforço da construção de satélites, “reforçando o nosso posicionamento do Atlântico com uma Constelação para satélites que estará operacional até 2023”; o reforço do ecossistema de telecomunicações com base em protocolos 5G, “possibilitando comunicações em zonas de baixa densidade populacional, mas também no centro do Atlântico e em particular na plataforma continental portuguesa” e, por último, o reforço de um conjunto de infraestruturas na ilha de Santa Maria, em articulação internacional com as empresas e com a Agência Espacial Europeia, tendo como, entre outros objetivos, “a construção de um porto espacial de pequena dimensão, o reforço das infraestruturas atuais para o futuro vaivém europeu e o reforço e contínua operação do teleporto já hoje existente”, assegurou o Ministro.