No âmbito da prorrogação do Estado de Emergência votada esta quarta-feira no Parlamento Açoriano, o Grupo Parlamentar do PS/Açores manifestou a sua preocupação relativamente ao evoluir da pandemia na Região e defendeu a implementação de novas medidas.
“Há um conjunto de indicadores que atestam, se não mesmo impõem, a necessidade de arrepiar caminho na abordagem que, nos últimos tempos, tem vindo a ser seguida quanto à monitorização, controlo e combate à pandemia de COVID-19 nos Açores”, refere a declaração de voto entregue pelo Presidente do GPPS/Açores.
Nos últimos 15 dias, o número de casos positivos cresceu 118% em Ponta Delgada; 154% em Vila Franca do Campo, 148% na Lagoa e foi novamente “detetado um caso positivo num lar de idosos dos Açores”. Aumentaram também os internamentos derivados da COVID-19 e as cadeias de transmissão ativas, “inclusive em ilhas onde há já bastante tempo não se registava qualquer cadeia de transmissão”, refere o documento.
Em relação a Rabo de Peixe, a intervenção do Governo dos Açores levanta dúvidas, já que, no início do mês de dezembro se estabeleceram cercas sanitárias “apenas como garantia para a realização da testagem e não como meio de evitar a circulação de pessoas”.
Mais recentemente, e refletindo o “desnorte e desorientação crescentes na atuação face à pandemia”, as autoridades de saúde decidem apenas na véspera do reinício das aulas realizar “testes à comunidade educativa em apenas três escolas da ilha de S. Miguel”, quando estamos perante um quadro epidemiológico que “já gritava, e continua a gritar, por maior cautela, maior rigor e mais cuidado”.
O Grupo Parlamentar do PS/Açores dá ainda nota do facto de que “em metade do período entre 22 de dezembro e 5 de janeiro, o número de testes realizados pela metodologia PCR-RT, - a mais fidedigna que se conhece”, ter sido inferior a mil. “Estes são dados factuais retirados dos comunicados que são diariamente emitidos. Estes são dados que demonstram que é necessário e urgente mudar a abordagem que está a ser seguida. Estes são dados que demonstram, crua e cruelmente, que a situação não está, nem estável, nem equilibrada...”
Como positivo, refere a declaração de voto, destaca-se “o início do processo de vacinação contra o SARS-CoV-2 nos Açores”. No entanto, entendem os socialistas, o Governo dos Açores “não pode deixar de cerrar fileiras em torno da defesa do bem essencial que é a saúde dos Açorianos”
O documento assinado por Vasco Cordeiro reconhece que durante muito tempo o quadro epidemiológico “foi comparativamente mais favorável nos Açores do que noutras partes do território nacional”, mas considera que agora, se “assiste a um constante e progressivo agravamento generalizado da situação da pandemia nos Açores”.
Para o GPPS/Açores, fez-se “um trajeto inverso à esmagadora maioria dos países e regiões europeias: enquanto por cá a decisão foi a de flexibilizar medidas durante este período do Natal e, nesse âmbito, desaproveitou-se a existência dessas condições legais para um maior controlo da disseminação da pandemia, noutras regiões e países houve a adoção de medidas mais rigorosas, preparando-se, agora, a retoma gradual da normalidade possível num quadro em que já existe vacina, mas a mesma ainda demorará a produzir efeitos com repercussões coletivas”.
Considerando que “no contexto global da pandemia, a escolha não é entre a saúde pública e a economia”, os socialistas defendem medidas firmes na defesa da saúde pública e “uma abordagem mais determinada de mitigação dos efeitos económicos associados à presente situação de pandemia, com uma ampliação e criação de novos apoios dirigidos aos trabalhadores, às empresas e a diversas instituições da nossa Região, seja na componente de tesouraria, seja na componente de alívio de custos fixos”.