O deputado Tiago Lopes reiterou, esta terça-feira, que os “evidentes sinais de degradação que se têm verificado no Serviço Regional de Saúde ao longo do último ano e meio preocupam o PS e devem preocupar os Açorianos”.
O deputado do GPPS falava na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, no plenário de julho, que decorre esta semana, numa sessão de perguntas ao Governo Regional.
Tiago Lopes evidenciou uma série de problemas que se verificam em todas as ilhas da Região.
“Alguns doentes de Santa Maria chegam a ficar 5 dias em São Miguel para uma consulta, devido aos graves constrangimentos nos transportes. Em São Miguel mais de 9.000 utentes aguardam por uma consulta médica no Hospital. Na Terceira, o Serviço de Urgência do Centro de Saúde da Praia da Vitória entra em rutura por falta de médico. Na Graciosa, um doente aguarda há mais de 200 dias por uma consulta e outros aguardam mais de 4 meses para mostrar os seus exames. Em São Jorge, dois médicos cessaram funções há poucos dias e, tal como no Pico, o prometido novo edifício para o Centro de Saúde não passou de uma promessa eleitoral. No Faial há cerca de 3.000 utentes sem médico de família. Nas Flores não são prestados cuidados de fisioterapia há duas semanas, os médicos não se deslocam às freguesias há mais de dois meses e não há consultas de medicina dentária nas Lajes das Flores. No Corvo, foram nomeados uma enfermeira e de um médico para o Conselho de Administração, alargando o funcionamento ao fim-de-semana, mas o que se verifica é que estes estão invariavelmente ausentes da ilha”.
Tiago Lopes apontou “mais um sinal de degradação”, concretizando com o “aumento do número de pedidos de recusa de responsabilidade por parte de enfermeiros, que aumentou muito nos últimos 6 meses, por considerarem que não têm as condições necessárias para garantir a qualidade e a segurança dos cuidados que prestam”.
O parlamentar do PS realçou que este Governo “procura escamotear a sua negligência governativa na Saúde, com números”, reagindo aos números elencados pelo Secretário Regional da Saúde.
A esse respeito, Tiago Lopes evidenciou as discrepâncias entre os números avançados pelas unidades hospitalares da Região e aqueles que o Governo apresenta, para concluir que “os Açorianos já não acreditam nem na palavra, nem nos números deste Governo, acerca de consultas médicas, de cirurgias, do Serviço de Oncologia, dos internados devido à COVID-19”.
Tiago Lopes alertou para a “necessidade de investir na atividade assistencial”, salientando que a redução de 55 milhões de euros levada a cabo por este Governo no Serviço Regional de Saúde este ano “evidencia um desinvestimento grave no SRS, fazendo recear relativamente à capacidade de resposta e à necessária retoma da atividade assistencial”.
“Se havia necessidade de um plano regional de Saúde, de promover a saúde e prevenir a doença, de prevenir e controlar a incidência de cancro, de trabalhar na saúde mental, nas dependências, na deslocação de doentes, estas faltas foram agravadas por este Governo quando desinvestiu e não executou. Por exemplo, este Governo aprovou “inicialmente um milhão de euros para ampliação e remodelação, tendo revisto esse valor para 311 mil euros e executado apenas 57,1%. Para obras de beneficiação, o Governo destinou inicialmente 2,5 milhões de euros, baixou esse valor para 1,5 milhões e executou apenas 41%”.
O parlamentar socialista considerou que este Governo tem demonstrado ser “incapaz de inverter o rumo e de governar a Saúde nesta Região, omitindo e negligenciando a verdade”, o que “ao invés de apresentar soluções”, tem “acrescentado vários problemas ao Serviço Regional de Saúde”.
“A realidade é que a atuação deste Governo não convence. Este Governo está mais preocupado com as nomeações de familiares para cargos, com as perseguições políticas, com a extinção de cargos para criar outros. A isto acresce a postura de dizer que não a tudo o que o PS propõe e à não execução de medidas aprovadas no Parlamento, como o apoio aos doentes transplantados. Este Governo está distraído com a sua sobrevivência política e interesses político-partidários e negligencia as necessidades dos profissionais do Serviço Regional de Saúde e dos Açorianos”, finalizou o deputado do GPPS, Tiago Lopes.