O Partido Socialista denunciou, esta quarta-feira, a completa asfixia a que o atual Governo Regional conduziu a capacidade de progressão do projeto Terceira Tech Island, lamentando, a este propósito, “a incapacidade em atrair novas empresas” e a forma como tem abandonado “o apoio à formação e às empresas aí instaladas”, o que já levou, inclusive, à saída de várias delas da Praia da Vitória.
Para Marco Martins, membro do Secretariado de ilha do PS e do Secretariado Regional, a machadada final neste projeto ficou a dever-se à falta de apoio para formação de qualidade de programadores de software juniores, alertando, na ocasião, para o facto de a disponibilização de novos programadores formados ser a principal razão de atração das empresas regionais, nacionais e internacionais.
“Perante uma taxa de empregabilidade de 93%, dos cursos lecionados em 2021, e com um custo por formando substancialmente inferior ao que atribui a outras áreas da formação profissional, o Governo dos Açores do PSD/CDS/PPM, decidiu retirar o apoio financeiro e, deste modo, a legitima expetativa aos futuros candidatos que pretendiam arriscar numa nova carreira profissional, comprometendo decisivamente o futuro do projeto Terceira Tech Island”, referiu o socialista, para repudiar este abandono da política de apoio à formação.
Destacando que só com mais recursos humanos é possível assegurar mais contratações, emprego qualificado e criar estímulo à entrada de novas empresas, gerando, por essa via, mais riqueza para produzir serviços que são exportados pela Região, o Partido Socialista defendeu a continuidade do projeto nas suas vertentes iniciais, designadamente nos eixos de captação de empresas tecnológicas para a ilha, e do financiamento da formação especializada de todos aqueles que possam aprender programação.
Em conferência de imprensa, e relembrando as consecutivas denuncias que o PS tem feito em relação “à falta de capacidade e evidente desinteresse do Governo dos Açores, no desenvolvimento deste projeto”, Marco Martins referiu que entre 2018 e julho de 2020, “mais de 20 empresas tecnológicas instalaram-se na Praia da Vitória, permitindo a criação de mais de 200 novos empregos diretos na área da programação”, sendo que agora, e desde que tomou posse, “este Governo captou zero empresas” e confrontou-se, ainda, “com a saída de pelo menos cinco delas do concelho”.
“Não podemos aceitar e compactuar com esta postura e com o discurso vazio e demagógico do Governo Regional”, assegurou o socialista, denunciando, ainda, que face às declarações da Secretária Regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, de que “se estão a criar condições para a fixação de jovens na Região”, o que se assiste é a um “discurso completamente antagónico à realidade da ilha Terceira, substanciado numa postura populista e demagógica”.
Mas para o socialista, é igualmente visível a incapacidade da Câmara Municipal da Praia da Vitória, em se assumir como uma entidade interessada, ativa e parceira do projeto, questionando, nessa medida, “onde anda a cooperação e ação, tão abundantemente propalada pela atual presidente da edilidade, aquando da campanha eleitoral autárquica”.
Salientando que o evidente abandono da Terceira como polo de desenvolvimento tecnológico, mina as ambições de todos os Terceirenses que se pretendem dedicar ao setor e retira à ilha a liderança do setor económico com maior potencial de crescimento e de criação de emprego qualificado nos próximos anos, Marco Martins refere ainda estar em causa “o desenvolvimento social e económico da Terceira e, em particular, da Praia da Vitória”, ao abdicar de um projeto “que permite o aumento do número de pessoas devidamente qualificadas, empregadas e remuneradas; que permite o estímulo complementar da atividade económica existente; que possibilita a criação de valor acrescentado em diferentes áreas de atividade; que possibilita que passemos de importadores para exportadores de programas informáticos e que colocava jovens na ilha Terceira a trabalhar para todo o mundo e empresas a exportarem para todo o mundo, programas e serviços tecnológicos, com os evidentes dividendos financeiros que daqui resultam”.
Além disto, e como salientou o socialista, “é ainda mais incompreensível quando as receitas fiscais, em impostos, geradas por este projeto, permitiam à Região não ter qualquer encargo real com o mesmo, porque as receitas que geravam eram já superiores aos seus custos para a Região”.
Alertando, assim, para o facto de o Governo Regional estar a abdicar do desenvolvimento da ilha, estando a preparar “políticas de fomento de projetos semelhantes para outro local e com outro nome”, o PS assegura continuar a luta incessante pela defesa e desenvolvimento do projeto Terceira Tech Island, por considerar que “a defesa deste projeto é também a defesa de todos os Terceirenses e do efetivo desenvolvimento da ilha Terceira”.