Sandra Dias Faria lamentou esta quarta-feira que o Governo Regional, da coligação PSD-CDS/PP-PPM, tenha “abandonado a Estratégia Açoriana para a Energia 2030”, não mostrando “ter qualquer rumo definido em termos de políticas energéticas”.
A vice presidente do GPPS falava no Parlamento dos Açores, numa sessão de perguntas promovida pelo PAN, sobre a estratégia regional para a energia.
A parlamentar lembrou que o legado dos Governos Regionais suportados pelo PS foi uma Estratégia Açoriana para a Energia 2030, assente em “princípios da suficiência e eficiência energética, da descarbonização da produção de eletricidade e da eletrificação dos combustíveis fósseis nos Açores”.
“Pretendia-se reduzir a dependência externa de combustíveis fósseis e a emissão de gases com efeito de estufa, melhorando a qualidade ambiental e de vida dos Açorianos. Agora não sabemos como é que o Governo pretende atingir esse objetivo”, sublinhou.
A socialista recordou, também, que a estratégia regional “ia ao encontro dos compromissos internacionais na matéria” e estava “alinhada com o Plano Nacional de Energia e Clima 2030, com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e com o Plano Nacional de Investimentos 2030”.
“Ou seja, os Açores tinha uma estratégia para a Energia alinhada com o preconizado a nível nacional e europeu, mas com este Governo tiveram um retrocesso que poderá colocar em causa a execução das metas a cumprir”.
Sandra Dias Faria questionou o Governo sobre a execução dos “17,4 milhões de euros inscritos no PRR para investir na transição energética da Região”, apontando as baixíssimas taxas de execução e lamentando que o Governo Regional apenas tenha manifestado “intenções de fazer melhor”.
“Todos temos intenções de fazer melhor, mas este Governo tem de avançar para soluções. Os Açores têm recursos financeiros como nunca antes e um contexto de subida generalizada de preços, que deve ser aproveitado para sensibilizar as pessoas para a transição energética. O Governo deve implementar medidas robustas e não resignar-se às intenções”, finalizou Sandra Dias Faria.
Graciosa é um bom exemplo de aplicação de incentivos ao investimento rumo a uma energia mais verde
Intervindo no mesmo debate, José Ávila deu o exemplo da ilha Graciosa, que “já conseguiu ser abastecida por energias renováveis a 100% em mais de 270 dias, combinando produções eólica e solar”, sendo regularmente abastecida por renováveis na ordem dos 65%, afirmando-se com “um exemplo para o país, Europa e Mundo”.
“É um bom exemplo da aplicação de incentivos ao investimento, que infelizmente não existem na Região há 10 meses”, frisou.
José Ávila salientou que estes resultados “só foram possíveis devido a um investimento de 26 milhões de euros, dos quais 4,5 são provenientes de fundos comunitários”.
O parlamentar Graciosense questionou o Governo sobre o projeto ‘Graciosa Ilha Modelo’, questionando “onde estão as 15 bicicletas elétricas partilháveis, uma vez que as estações já estão montadas há mais de um ano” e “qual o ponto de situação de candidaturas às viaturas elétricas na Graciosa”, sem obter, contudo, respostas satisfatórias por parte do Governo.
Governo Regional não deve cortar investimentos em parques eólicos e solares fotovoltaicos na ilha das Flores
O deputado do PS eleito pela ilha das Flores, José Eduardo, realçou que “aquela ilha “tem vindo a dar passos importantes na produção de energia elétrica a partir de renováveis”.
"A ilha das Flores aumentou a sua produção de eletricidade verde de 46% em 2018 para cerca de 55% em 2019”, um caminho que “só foi possível graças à EDA e aos investimentos que os Governos do PS decidiram”, destacou.
José Eduardo realçou, igualmente, a “inércia deste Governo nesta matéria” e apelou a que “não corte os investimentos previstos em parques eólicos e solares fotovoltaicos na ilha das Flores”, para que “se possa cumprir o objetivo definido de penetração de energias renováveis de 87% na ilha das Flores em 2025”.
“Os Florentinos não sentem confiança neste Governo e sentem que estão a ficar para trás”, finalizou José Eduardo.
Governo dos Açores não tem qualquer estratégia para os transportes rodoviários coletivos
Vílson Ponte Gomes salientou que este Governo Regional “não tem qualquer estratégia em matéria de transportes rodoviários públicos”.
"Nem todos os Açorianos têm acesso a um veículo elétrico, pelo que o transporte público é uma das chaves para a transição energética”, considerou o deputado socialista, que questionou o “como é que o Governo pretende potenciar o seu uso?”.
Vílson Ponte Gomes considerou que o “combate à crise energética é de grande importância para a Região, para o país e para a Europa” e lembrou que o PS/Açores propôs, no âmbito do Plano e Orçamento do ano 2021, que o Governo “estudasse a viabilidade do uso do hidrogénio verde nos transportes terrestres”, uma proposta sumariamente chumbada pelos partidos da coligação de direita.