O deputado do PS/Açores à Assembleia da República, Francisco César, alertou para a presença cada vez mais evidente de mercenários russos em diferentes países do continente africano, para questionar os deputados dos parlamentos nacionais da União Europeia se “consideram importante aprofundar, e de que forma, a cooperação entre a Europa e África”.
O Vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS intervinha, esta segunda-feira, em Madrid, enquanto representante da Comissão de Defesa Nacional na Conferência Interparlamentar para a Política Externa Comum e de Segurança e para a Política Comum de Segurança e Defesa da União Europeia.
“Pode a União Europeia transformar-se, aproveitando as oportunidades proporcionadas pelos tratados, de uma comunidade de segurança que se concentra principalmente na sua própria segurança e complementa o trabalho de outras organizações internacionais, para uma comunidade plena da defesa a nível comunitário”, questionou o socialista, para perguntar ainda os presentes se consideram que “o aprofundamento da Política Comum de Segurança e Defesa é um caminho possível para esse processo de comunitarização”.
De acordo com o socialista, os desafios que se colocam são reais. “Seja pelas consequências da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, o conflito na região do Nagorno Karabakh, o posicionamento da China perante o ocidente ou, até mesmo, em Moçambique ou na República Centro Africana, onde junto com os militares portugueses se tem feito um valioso trabalho na luta contra a insurgência jihadista, por um lado, e contra a influência russa do grupo Wagner, por outro lado, só juntos podemos superar esses desafios”.
Na ocasião, e intervindo no painel dedicado à “Defesa Europeia e os desafios para a Política Comum de Segurança e Defesa”, Francisco César defendeu que para se enfrentar os atuais desafios a aposta passa por “uma abordagem de segurança e defesa mais integrada e cooperativa, com maior investimento e tecnologias avançadas, um fortalecimento das nossas capacidades de cibersegurança e necessidade de reforço das parcerias multilaterias e bilaterais, em especial com a NATO, mas também com a ONU e com outros parceiros internacionais”.
“Este é um momento crucial, que exige de nós uma União Europeia inabalável”, frisou o parlamentar, para salientar a importância de se continuar a trabalhar “para que as divergências que possam existir se transformem em oportunidades que se concretizam em soluções de cooperação que permitam à União Europeia reforçar a sua solidez e autonomia”.