Terminou mais uma visita estatutária do governo regional à ilha Graciosa, de apenas um dia e meio, tempo diretamente correspondente à ausência de medidas para esta ilha que promovam o seu desenvolvimento.
O seu presidente, em pleno Conselho de Ilha, e quando já não era possível exercer o contraditório, desfilou uma série de números que, no seu entender, demonstravam que a ilha estava melhor. Isso não é verdade. Os Graciosenses estão piores no acesso à saúde, na educação, nas pescas, no turismo, nos transportes e na agricultura.
Os números podem impressionar este governo do PSD, CDS-PP e PPM, mas os serviços públicos estão a degradar-se de dia para dia e aos olhos de todos.
Na importante área da saúde, este governo parece contentar-se com mais um equipamento, mas os graciosenses precisam de médicos para os atenderem. Não podemos continuar nesta desgraça de ter médicos que estão por cá apenas uns dias e depois vão-se embora. Foi anunciado com pompa e circunstância a contratação de um médico internista e apenas um ano depois já nos deixou. Parece que este governo atirou a toalha ao chão e desistiu dos Graciosenses. Nos últimos tempos temos alertado para este estado deplorável com que se encontra a saúde na Graciosa, mas, pelos vistos, o governo mostra-se incapaz de mudar.
Na educação, as coisas não estão melhores. Faltam professores profissionalizados e os assistentes operacionais são insuficientes para as necessidades, para além de uma grave falta de material devido a subfinanciamento e ao encerramento da Central de Serviços Partilhados. Foi este governo que criou um grande problema ao sobrelotar as pré-primárias com o encerramento do único jardim de infância privado, atitude que foi incapaz, ou foi impedido, de copiar para outras ilhas. Foi uma teimosia que está a sair cara aos pais de muitas crianças Graciosenses a quem este governo virou as costas.
No setor das pescas, as coisas não estão bem e este governo é incapaz de resolver os problemas que ele próprio criou. Num dia faz um regulamento do porto acordado com os pescadores da ilha e poucos dias depois faz outro à sua revelia, provocando um congestionamento do porto com embarcações de outras paragens que estão a delapidar os recursos que os locais têm sabido preservar.
Nos transportes marítimos estamos piores, porque o atual modelo não serve, nem os Graciosenses nem os restantes dos Açorianos, por isso há um declínio de ano para ano, acreditamos que propositado, para acabar com este serviço. Em 2023 desembarcaram menos de metade dos passageiros quando comparado com 2019.
Por via aérea foram transportados mais passageiros, é certo, mas continuamos a defender que assentar o modelo de mobilidade apenas em transportes aéreos é um erro que nos custou muito caro no passado. Por outro lado, condenamos a manipulação dos números. Foram feitos horários com muitos voos e no final foram retirados do sistema mais de 40 deles apenas nos três meses do verão, sem dar qualquer informação, o que dá bem a nota do modo de atuar deste governo.
No turismo, as coisas também não estão bem. A Graciosa é a única ilha que ainda não conseguiu superar os números das dormidas de 2019.
Na agricultura, faltam pagamentos devidos aos agricultores e os apoios às associações foram cortados sem critérios. Os direitos das vacas aleitantes que a tutela atribuiu à Graciosa são manifestamente insuficientes. A IROA também não fez qualquer investimento nesta ilha.
Por outro lado, a marina da barra é outro caso que demonstra a falta de vergonha deste governo e dos partidos que ainda o vão aguentando. Em setembro de 2020 terminou a primeira fase daquela estrutura e, dado que o governo não mexeu uma palha nos dois anos seguintes para completar aquele importante investimento, apesar de já existirem projeto e estudo topo hidrográficos, o PS apresentou uma resolução no parlamento dos Açores para que o governo instalasse pontões, redes de distribuição de água e eletricidade, terrapleno, assinalamento marítimo, posto de receção e as instalações sanitárias. Curiosamente esta recomendação foi aprovada com os votos favoráveis do PS e do BE, as abstenções do Chega, Iniciativa Liberal e PAN, mas mereceu os votos contra do PSD, CDS/PP e PPM vai lá saber-se o porquê. Portanto, o governo está a cumprir, como é sua obrigação, uma resolução aprovada na Assembleia, apresentada pelo PS.
Relativamente às termas do Carapacho, recordamos que a Secretária do Turismo, em maio de 2022 dizia que já estavam prontas a concessionar e, mais importante ainda, que a piscina exterior estava em processo de projeto. Agora, um ano e meio depois, vem dizer que agora é que as vai concessionar e que relativamente à piscina exterior o governo abandona a ideia.
Lamenta-se, também, que a ilha Graciosa tenha perdido dois projetos tecnológicos, nomeadamente o sensor do programa operacional Europeu SST e o projeto Hispasat, dois investimentos que estavam já tratados e que este governo deixou escapar em favor de outras regiões, por inércia e incompetência. Curiosamente na visita estatutária de 2022 o presidente deste governo tinha garantido que ia fazer tudo para que isso não acontecesse. É investimento e postos de trabalho, dois fatores determinantes, que se perdem para sempre.
Por outro lado, as intervenções urgentes na orla costeira de Santa Cruz, Fenais e Carapacho, não mereceram nenhuma preocupação por parte deste governo, nem sequer receberam os Graciosenses que pretendiam explicar os problemas existentes.
Também não foi bonito ver o presidente do governo tentar apropriar-se de projetos desenvolvidos e executados por governos do PS, como foram os casos da Graciólica e Lar de Idosos da Praia. Os Graciosenses não se deixam enganar facilmente como pensam os atuais governantes que vivem num mundo do faz de conta.
Por fim, o Secretariado do Partido Socialista vê esta visita apenas como a procura de justificações para atirar para a frente investimentos importantes para a ilha. Nada mais, conforme se viu no comunicado do conselho de um governo que, nesta visita, se esquivou a escutar os Graciosenses.