José Ávila frisou que o Programa de Governo do PSD/CDS/PPM “deixa muitas dúvidas quanto ao futuro dos transportes marítimos” nos Açores, porque “embora revele um conjunto de belas citações, não vai resolver o problema que a coligação criou com o fim dos transportes marítimos de passageiros e viaturas entre todas as ilhas dos Açores”.
O deputado socialista falava no Parlamento dos Açores, no debate do Programa de Governo da coligação, recordando que, com aquela má decisão, a Região ficou “partida, a coesão comprometida e as ilhas abandonadas”.
José Ávila recordou que a linha amarela “foi descontinuada com a justificação que, em 2019, tinha uma taxa de ocupação de cerca de 20%”, embora “servisse uma população de mais de 240 mil pessoas e constituísse uma alternativa séria e credível ao transporte aéreo, sobretudo na época alta”.
“No entanto, a linha laranja, criada pelo Governo da coligação, teve uma taxa de ocupação de apenas 15% em 2022 e serve muito menos pessoas”, tendo sido considerada pelo Governo como “um caso de sucesso” e até uma linha “promissora”.
José Ávila realçou que o Governo Regional “tem de perceber, de uma vez por todas, que os transportes não constituem um custo”, mas sim uma “aposta na coesão territorial” e que o modelo de transporte marítimo de passageiros existente até 2019 “ligava todas as ilhas dos Açores, potenciando o mercado interno”.
O deputado do PS lembrou que o programa de Governo “deixa, novamente, a ilha das Flores sem ligação com o Grupo Central” e a “ilha Terceira sem ligações a São Miguel”, o que coloca a Região numa “situação muito complexa”.
O deputado socialista considerou, também, que a transferência dos ferries Mestre Jaime Feijó e Gilberto Mariano para o grupo oriental “não serve as necessidades dos Açorianos de São Miguel e de Santa Maria”.
“Esperava-se que este Governo PSD/CDS/PPM, nesta sua segunda legislatura, tivesse um rebate de consciência e recuperasse o serviço de transporte marítimo de passageiros e viaturas, unindo novamente, de facto, todas as ilhas dos Açores”, apontou.
O parlamentar socialista recordou que o estudo sobre o serviço de transportes marítimos de passageiros e viaturas encomendado pelo anterior Governo Regional “nunca apareceu” e que, mesmo assim, o Governo Regional “tomou decisões avulsas e improvisadas sobre o setor”, exemplificando com o “investimento anunciado em navios elétricos”.
“Sabemos que são dois, que têm menos capacidade de passageiros, menos velocidade e que vão servir as ilhas de São Jorge, Pico e Faial. Não sabemos se o sistema de produção energética destas ilhas está preparado para o carregamento dos navios, nem o tempo de recarga entre cada viagem e se estes têm capacidade para fazer, por exemplo, a ligação entre as Velas, São Roque e Horta”, destacou.
Relativamente ao transporte marítimo de mercadorias, José Ávila alertou para o que diz o Programa de Governo da coligação, ao abordar a complementaridade entre a cabotagem insular e o tráfego local, que poderá implicar a “redução das ligações com o exterior para algumas ilhas”, algo que “ninguém pretende”.
“Em conclusão, relativamente aos transportes marítimos, o que o Programa de Governo da coligação PSD/CDS/PPM tem previsto, está confuso. E o que não prevê, é o que faz falta”, finalizou o deputado do GPPS, José Ávila.