Gualberto Rita realçou, esta quinta-feira, que o Governo Regional do PSD/CDS/PPM “tem de mudar muito o rumo das Pescas nos Açores” para “evitar o abismo para onde nos levou, nos últimos três anos”.
O parlamentar do Partido Socialista falava no Parlamento dos Açores, no debate do Programa de Governo.
Gualberto Rita manifestou-se “preocupado” pelo facto do novo Secretário Regional do Mar e Pescas, Mário Rui Pinho, pretender “dar continuidade ao trabalho do seu antecessor”, cujo mandato ficou marcado pela “ausência de estratégia e de orientação” e pelo “amadorismo”.
O deputado do PS pediu ao novo Governo Regional que os pescadores e o setor associativo “possam voltar a poder dialogar com quem nos governa” e “gerar consensos” e sublinhou que o Governo Regional apresentou um programa de governação “de ideias vagas, desorganizadas e até contraditórias”, na maior parte dos casos “desajustadas à realidade da pesca e à comunidade piscatória Açoriana”.
Gualberto Rita entende que o Governo Regional deve desenhar uma estratégia que garanta que os Açores “não voltem a ter recomendações negativas de instâncias internacionais, que apontem para cortes de quotas em espécies como o Goraz, o Alfonsim ou os Imperadores”.
O socialista, lamentou que o Governo Regional “continue de costas voltadas para a ciência” e que “nem sequer diga uma palavra sobre a gestão dos Atuns”.
“A conquista pelo Governo Regional do PS de 85% da quota dos Atuns, foi desperdiçada. Teremos de nos envergonhar, novamente, pela sobrepesca ao Atum Patudo por não haver qualquer gestão, como aconteceu nos últimos anos? será que vamos continuar a ser uma das regiões no mundo, com o preço mais baixo do Atum Rabilho? Que estratégia apresentam para a valorização do pescado?”, questionou.
Gualberto Rita questionou o Governo sobre “como pretende fazer o controlo de 30% em Áreas Marinhas Protegidas (AMP’s) dos Açores, que pretende implementar à pressa, se atualmente não consegue garantir a vigilância das AMP’s que existem atualmente?”
A esse respeito, o deputado socialista salientou que a percentagem de área protegida “imposta por motivos políticos e de forma precipitada”, está a “provocar uma enorme pressão e desconforto” nas comunidades piscatórias, “desencorajando o investimento de muitos empresários”, o que “não augura nada de bom para o futuro”.
“Uma estratégia digna de restruturação do setor das Pescas tem de envolver os pescadores e a ciência, não se pode basear apenas no abate de embarcações e artes de pesca, tem também de considerar a reorientação profissional e a criação de rendimentos complementares ou alternativos à pesca”, advogou.
“As dificuldades nas Pescas dos Açores crescem de dia para dia. O preço dos combustíveis quase triplicou no último ano, o que está a deixar o setor à beira do colapso. O programa do Governo PSD/CDS/PPM nada aponta para superar este problema. Os pescadores e armadores não reclamam subsídios ou apoios, mas sim soluções”, salientou o deputado socialista, Gualberto Rita.