Carlos Silva realçou, esta quinta-feira, na cidade da Horta, que o processo de privatização da Azores Airlines em curso “não serve os Açorianos”.
O parlamentar socialista falava no debate de uma proposta do BE que visava a anulação do processo de privatização da SATA Internacional – Azores Airlines.
Carlos Silva frisou que o Secretário Regional das Finanças, Duarte Freitas, sempre que quer desviar a atenção dos problemas, fala da “herança socialista”, mas realçou que a Azores Airlines “teve, em 2021, um prejuízo de 50 milhões, em 2022 um prejuízo de 34 milhões de euros e em 2023, caminhamos para cerca de 26 milhões de prejuízo”.
“Ao todo, são cerca de 106 milhões de prejuízo nos três anos da responsabilidade deste Governo Regional PSD/CDS/PPM”, vincou.
Carlos Silva disse também não compreender como é que o Governo afirma que está a “proteger a SATA/Air Açores”, quando esta “teve 6,8 milhões de euros de prejuízo em 2021, em 2022 foram 2,5 milhões de euros e em 2023 caminhamos para quase 10 milhões de euros de prejuízo”.
Carlos Silva acusou o Governo Regional de “não dar respostas sobre a grave situação que a SATA/Azores Airlines atravessa” ou, “quando as dá, contradiz-se”.
O parlamentar frisou as contradições entre o Secretário Regional das Finanças, que afirmou que a administradora do CA da SATA, Teresa Gonçalves, se demitiu por “razões pessoais” e as declarações do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, que referiu, poucas horas depois, “razões pessoais e de contexto”, sem que o Governo esclarecesse que razões de “contexto” são essas.
Carlos Silva citou notícias recentes que dão conta de que a Presidente do Conselho de Administração sai, aparentemente, “porque o Governo Regional não ofereceu condições para avançar com o projeto que esta administração tinha proposto para a companhia aérea”, o que contradiz também a narrativa do Governo até agora.
“Nem sabemos se, para além do Presidente do Conselho de Administração, se saiu mais um administrador ou um diretor financeiro. O Governo fala em diretor financeiro, mas as notícias dão conta de um administrador. Também aqui o Governo está a ocultar informação. Porque é que o faz?”, questionou.
O deputado do PS realçou que os Açorianos “merecem explicações sobre o que está a acontecer com a Azores Airlines” e reafirmou que o PS/Açores “concorda com a privatização, mas não pela forma como este Governo está a gerir a Privatização da Azores Airlines”, uma vez que “pretende ir além daquilo que foi negociado com Bruxelas”.
“O que foi acordado com Bruxelas foi a privatização de 51%. O Governo Regional pretende alienar até 85%. E isso é muito diferente”, salientou.
A esse respeito, Carlos Silva lembrou que o caderno de encargos lançado por este Governo “nem sequer garante os postos de trabalho dos trabalhadores, não assegura as rotas para o continente e para a Diáspora, nem sequer a manutenção da sede da empresa nos Açores. Por tudo isto, os moldes em que se pretende avançar com a privatização da Azores Airlines não servem os Açores”.
“Seria bom que o Governo Regional assumisse as suas responsabilidades e assumisse, de uma vez por todas, que este processo não está a correr bem e que não serve os Açorianos”, sublinhou o deputado do PS, Carlos Silva.
O Partido Socialista já requereu a audição no Parlamento dos Açores, com carácter de urgência da Presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA, Teresa Gonçalves, do Presidente do júri do concurso público da privatização da Azores Airlines, Augusto Mateus, e do Secretário Regional das Finanças, Duarte Freitas, bem como o relatório final do júri do concurso público da privatização da Azores Airlines.