Francisco César anunciou, esta sexta-feira, que o PS irá avançar, na próxima semana, com um debate de urgência no Parlamento dos Açores, no sentido “pedir explicações sobre o caso do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)”, adiantando também que irá solicitar à Comissão de Assuntos Sociais, com caráter de urgência, as audições do Engenheiro Mota Vieira, do Enfermeiro Francisco Branco e do Dr. Guilherme Figueiredo.
O Presidente do PS/Açores falava em conferência de imprensa, acerca daquele que considerou ser, talvez, o “assunto mais delicado que alguma vez abordou enquanto responsável político”.
Francisco César realçou que o que está em causa é o “funcionamento do Serviço Regional de Saúde e o acesso dos Açorianos à Saúde”, uma matéria em que “não pode haver aproveitamentos políticos” e “não haverá, da parte do PS/Açores, alarmismos infundados”, uma vez que “há muita gente fragilizada que espera, naturalmente, que todo o processo relacionado com a reconstrução do HDES corra bem e de uma forma rápida”.
O líder dos socialistas Açorianos considerou que esta é uma matéria de “interesse regional” e não de “interesse partidário”, recordando que o PS/Açores viabilizou, no âmbito do Plano e Orçamento, “todas as alterações que diziam respeito especificamente com o HDES”, para além de “ter apresentado propostas também”.
“O PS/Açores esteve ao lado do Governo Regional. O PS nacional esteve ao lado dos Açorianos, viabilizando tudo para resolver o problema. Houve um tempo de união, mas há também um tempo de escrutínio, de esclarecimento e de apresentar trabalho e soluções”, realçou, afirmando que “este tempo chegou”.
Francisco César referia-se a declarações públicas de responsáveis técnicos pelos relatórios relativos à origem e ao combate ao incêndio, bem como às condições estruturais do edifício, que “contradizem o Governo Regional”, em concreto, as informações avançadas pela Secretária Regional da Saúde.
O Presidente do PS/Açores Francisco César apelou diretamente ao Presidente do Governo Regional, para que “esclareça o assunto”, porque “as poucas informações que o Governo nos deu não batem certo com a realidade”.
“O Governo Regional [PSD/CDS/PPM] recusa-se permanente em prestar esclarecimentos a quem o deve fiscalizar. E com as declarações que ouvimos ontem, suspeitamos da tomada de más decisões no presente e de uma incapacidade de preparar o futuro”.
Francisco César manifestou a preocupação do PS/Açores com a “segurança na assistência da saúde e a incapacidade de resposta das estruturas que, entretanto, foram criadas”, o “processo de reconstrução do atual hospital” e uma “preocupação com a origem do incêndio”.
“Face ao desmentido público do Governo Regional por parte do Eng. Mota Vieira, um dos responsáveis da elaboração de um relatório sobre as causas do incêndio, temos de exigir as explicações necessárias ao Governo. A verdade é que, dois meses depois, nós não sabemos o que aconteceu, não sabemos como evitar a repetição da calamidade, não sabemos se há um programa, se há projeto, nem que temos qualquer tipo de justificação. E o Governo não está isento de dar estas explicações. Esta é, também, a sua função”, frisou.
Francisco César manifestou a sua “séria preocupação” com as declarações recentes dos representantes da Ordem dos Médicos e do Sindicato dos Enfermeiros dos Açores, porque afirmaram que “vamos ter um atraso substantivo nas cirurgias”, que “teremos doentes prejudicados que não devem nem podem esperar tanto tempo, porque não há camas nem blocos operatórios” e porque o serviço de urgência “tem, neste momento, capacidade para atender diariamente 80 pessoas, quando antes respondia a cerca de 300”.
O socialista manifestou, igualmente, a sua “preocupação com o cansaço extremo dos médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde”, um cansaço que “aumenta exponencialmente a margem para erros”, referindo-se concretamente à situação do posto médico avançado, instalado no Pavilhão Carlos Silveira.
Francisco César frisou que o Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, prometeu “promover uma obra estrutural que permita a Ponta Delgada ter um hospital novo”, mas questionou “o que é que isso significa?”.
O socialista mostrou a sua apreensão sobre as dúvidas que diversos profissionais, nomeadamente engenheiros, têm vindo a manifestar sobre “a forma como o processo de reconstrução está a ser conduzido”, salientando que “nós hoje não sabemos quanto custa, nem porque se optou por um hospital modular de 5.000 m2, aparentemente para resolver um problema de uma infraestrutura de cerca de 52.000 m2, nem sabemos bem porque é que para avançar com o hospital modular se pararam as obras no HDES. Nem seque sabemos exatamente quais são as áreas que o hospital modular irá substituir”.
“Os hospitais podem durar até 80 anos ou mais. Há hospitais em Lisboa que têm mais de 100. O Hospital de Santa Maria, por exemplo, tem cerca de 70 anos e ainda funciona, com pequenas ampliações e remodelações normais. Porquê? Porque foi devidamente planeado. A questão é saber agora o que é que nós queremos fazer, porque o HDES pode vir a durar mais 30 ou 40 anos, se devidamente ampliado. Serão necessários muitos milhões de dinheiro dos contribuintes para resolver este problema e, por isso, as decisões têm de ser tomadas com sentido estratégico e de futuro”, apontou o Presidente do PS/Açores, Francisco César.