O Secretariado de ilha do PS Santa Maria, manifestou hoje o seu descontentamento em relação à recente visita estatutária do Governo Regional dos Açores à ilha de Santa Maria, considerando-a como uma “mão cheia de nada” e denunciando várias falhas que considera demonstrativas de um profundo desrespeito para com os marienses.
Segundo Joana Pombo Tavares, a organização da visita foi marcada “em cima do joelho, em alguns casos, no próprio dia da visita”, numa "falta de respeito para com os marienses e as suas associações e instituições", o que reflete uma atitude negligente por parte do Governo Regional. "Algumas associações e instituições estão há muito tempo a pedir a ajuda e atenção ao Governo, em desespero, e ainda assim, foram tratadas com esta desconsideração", afirmou.
A socialista também criticou a postura do governo face à situação do Parque Habitacional do Aeroporto, que praticamente ignorou todo o trabalho que os governos do PS desenvolveram naquela zona deste o início deste processo de transferência de terrenos e habitações para posse da Região, omitindo igualmente que o trabalho de loteamentos que agora está a decorrer e a consequente construções de habitações que se seguirá, só estão acontecer fruto de uma candidatura ao PRR que o último governo do PS submeteu e que permite que hoje o governo de coligação esteja hoje a executar.
Refere ainda sobre este âmbito que, entre 2016 e 2022, os governos do Partido Socialista regularizaram a situação de 5 bairros e resolvendo a situação de 109 habitações, lamentando a socialista que nos últimos 3 anos nada tenha ocorrido em termos de regularização dos bairros que faltavam lotear, registando-se muitas queixas reportadas por parte de moradores, relativamente à falta de manutenção das habitações, zonas verdes e vias de acesso.
Joana Pombo também lamentou que o grupo de trabalho criado para resolver questões habitacionais em Santa Maria, estabelecido a 1 de julho de 2022 pelo Governo PSD/CDS-PP e PPM, ainda não apresentou resultados concretos. "O Senhor Deputado do PSD tem toda a razão ao criticar a inatividade deste grupo, mas parece ter memória curta, porque este grupo foi criado pelo seu próprio governo", declarou a socialista, sugerindo que a situação reflete "um passado falhado que este governo tem já para apresentar aos marienses".
No que toca ao transporte marítimo de mercadorias, o secretariado de ilha do PS Santa Maria acusa o Governo de se basear em "estudos e dados de papel", que não refletem a realidade da ilha. "A imprevisibilidade do transporte atual e o aumento dos custos têm prejudicado a ilha de Santa Maria e os marienses em larga escala", declarou. Refere ainda que não o atual modelo de transporte não serve os marienses, não satisfaz o Partido Socialista e as explicações que a Senhora Secretária Regional dos Transportes deu ao conselho de ilha de Santa Maria sobre esta matéria, também não nos descansa nem agrada, acrescentando que "o PS considera que mais uma vez este governo da coligação coloca os marienses para trás, não querendo investir no sentido de melhorar as acessibilidades à ilha de Santa Maria”. Refere ainda que a justificação de que o “transporte marítimo de passageiros é muito dispendiosa”, é também uma prova de que este governo não quer ter esse investimento na mobilidade dos marienses, não dando alternativas ao seu desenvolvimento. Também o carácter pontual com que referiu que se poderiam realizar viagens marítimas, não satisfaz a estrutura de ilha do PS, considerando que “os Marienses merecem um sistema de transportes regular, em condições e não migalhas de quando em vez”, declarou a socialista.
Joana Pombo também criticou a abordagem do Governo Regional à proteção da orla costeira, afirmando que "será deixada para trás porque as prioridades são feitas a nível regional e não ao nível da ilha", tal como referido na reunião do conselho de ilha, numa atitude lamentável.
Outro ponto de contestação a realçar por parte da estrutura local do PS Santa Maria é a forma com que o atual governo olha para o sector do espaço, fazendo tabua rasa de tudo o que disse e exigiu aos governos do partido socialista a este nível, não se querendo agora comprometer-se com nada, passando a responsabilidade para os privados. Exemplo disso foi a assunção, no passado, de que haveria lançamentos suborbitais em Santa Maria setembro de 2024, vindo agora esquivar-se sobre esse facto e passando a responsabilidade para a empresa que pretende lançar esses equipamentos, atendendo a que esses lançamentos não ocorreram na data prevista.
No campo da Saúde, Joana Pombo Tavares expressou preocupação com a falta de prioridade dada a Santa Maria, observando que "à data, a tutela não possui ainda o Conselho de Administração completo da Unidade de Saúde da ilha", referindo que "o anterior Conselho de Administração cessou funções, por sua solicitação, a 31 de agosto devido a desentendimentos com a tutela" e que o governo teria tido tempo suficiente para reorganizar uma nova equipa que tivesse entrado em funções em pleno a 1 de setembro, por forma a não prejudicar o funcionamento dos serviços de saúde na ilha e dos marienses.
Concluindo a sua análise sobre a visita estatutária, a socialista destaca que apenas um ponto do comunicado do Conselho do Governo Regional tenha sido dedicado a Santa Maria, o que, na sua opinião, é "a prova clara do abandono e desinteresse do executivo regional pela ilha", considerando que "Santa Maria está a ser deixada para trás, e isso fica bem patente nesta visita", finalizando.