A recente visita estatutária do Governo Regional à Ilha do Pico veio confirmar, plenamente, aquilo de que já desconfiávamos: este governo não quer, pura e simplesmente, aumentar a pista do aeroporto do Pico. Para isso está a seguir uma narrativa muito semelhante à do último governo do PSD (1995): arrumar essa questão com argumentos ditos técnicos, promovendo estudos que visam esse fim.

Só assim se percebe o inexplicável calor do presidente governo ao classificar de estúpido (termo grosseiro e impróprio) um eventual investimento que “não” trouxesse benefícios ao aeroporto do Pico, com base no estudo anteriormente efectuado.

Contudo, nós, os estúpidos, que defendem esse investimento, com base no citado estudo temos uma leitura muito diferente. Senão, vejamos:

1 - O prolongamento da pista em 700 metros, já estudado, garante uma operação sem restrições de algumas versões do A320NEO no cenário estudado c-i). Como não é isto um favorecimento da "operabilidade" da pista?

2 - O prolongamento da pista em 700 metros permite a operação do A321, quer neo quer ceo. Esta aeronave não pode operar na pista atual. Como não é isto um favorecimento da "operabilidade" da pista?

3 - O estudo foca-se de facto no aspeto mais crítico do prolongamento. Os obstáculos à decolagem da pista 27. Mas essa questão não deve ofuscar a aterragem sem restrições na pista 27 e na pista 09 de todas as aeronaves estudadas, e a descolagem sem restrições por obstáculos na pista 09. Como não é isto um favorecimento da "operabilidade" da pista?

4 - O estudo diz que no cenário c-i) o A321 Neo descolará da 27 com 80 toneladas +/- 4.1. Assumindo as 84.1 tons, quer dizer que com o payload máximo restam cerca de 10 toneladas para combustível. Isto quer dizer que um A321 Neo pode, potencialmente, descolar cheio de passageiros e carga na máxima capacidade e chegar a Lisboa, no pior dia do ano e na pior pista disponível. Esta Aeronave não opera na pista atual. Como não é isto uma melhoria na "operabilidade" da pista?

E mais haverá, mas o que se afirma, demonstra que jamais será “estúpido” tal investimento venham os estudos que vierem.

Chamando, mais uma vez os bois pelo nome: este governo da coligação não quer fazer o aumento da pista como não quer levar a sério a situação precária da cabeça do molhe do porto comercial da terceira economia dos Açores e, ainda menos, a insuficiente cobertura de voos de e para o Pico.

O Partido Socialista jamais irá baixar os braços perante tamanha enormidade.