Francisco César anunciou, esta segunda-feira, que o Partido Socialista requereu a audição parlamentar do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, a fim de aferir a situação da comunidade portuguesa residente nos Estados Unidos, face ao anunciado plano de deportação em massa do Presidente Donald Trump.

Salientando que esta comunidade é, na sua maioria, composta por Açorianos, o Presidente do PS/Açores avançou estarem em causa entre mil a cinco mil famílias Açorianas que poderão, de um momento para o outro, ter de abandonar os EUA, apelando, por isso, também ao diálogo com o Governo Regional.

“Esta é uma matéria que deve ser conversada entre todos os partidos políticos, porque o impacto de todos estes Açorianos regressarem à Região tem de ser pensado”, assegurou o socialista, para defender, também, a inclusão do Estado português.

Elencando um conjunto de matérias nas quais já foi possível chegar ao diálogo com o Governo Regional, nomeadamente no que diz respeito à SATA, às Reservas Marinhas Protegidas, em relação à comunicação social ou ao Hospital, Francisco César, que intervinha no âmbito da reunião da Comissão de Ilha do PS São Miguel, manifestou, ainda a sua preocupação face à atual situação financeira da Região.

Frisando serem recorrentes os pagamentos em atraso “a empresas, associações desportivas, IPSS, mas, também, no próprio Serviço Regional de Saúde”, o socialista lamentou “a gestão irresponsável e sem futuro” por parte do Governo Regional.

“Tivemos no último Orçamento de Estado uma autorização de ajuda aos Açores de cerca de 300 milhões de euros. Isto quer dizer que o Governo Regional, neste momento, tem a capacidade de limpar dívidas no valor de 300 milhões de euros e o que nós estaríamos à espera era que começasse a pagar”, referiu.

Mas, na verdade, conforme prosseguiu o líder socialista, “os estudantes deslocados no continente português continuam sem receber as bolsas que foram prometidas, bem como as célebres passagens prometidas”, os doentes deslocados com acesso ao complemento do doente oncológico continuam sem receber e até os doentes de Machado-Joseph estão sem tratamento por questões administrativas.

“Este Governo tem que resolver”, afirmou Francisco César, para defender ser isso que se exige ao Governo Regional.

Salientando o aumento dos preços, Francisco César frisou que a resposta do Governo não pode ser a do aumento dos complementos, para apontar que está a “dar com uma mão e a tirar com a outra”, ao negociar “um aumento dos combustíveis, nomeadamente no âmbito da garrafa de gás, que pode chegar a mais de cinco euros”, referiu o socialista, para salientar a falta de sensibilidade do Governo nesta matéria.

“Poderão dizer que o gás não era aumentado há muito tempo, não é isso que está em causa, os revendedores têm, obviamente, o direito de receber a margem que é justa, eles não têm culpa, quem trabalha tem o direito de ter a justa remuneração e o lucro pelo seu trabalho. O que é extraordinário é que o Governo não é uma empresa e deve dar a margem àqueles que estão a fazer a revenda e não cair em cima das pessoas que têm mais dificuldade”, alertou o socialista.

Na ocasião, Francisco César apontou ainda os problemas relacionados com a habitação, lembrando que o Governo Regional da responsabilidade do Partido Socialista deixou 60 milhões de euros, no âmbito do PRR, para investir nesta área.

“É impressionante que este Governo não conseguiu inventar nada de novo, utilizam as mesmas soluções que utilizávamos há 10 anos, como se os problemas de há 10 anos fossem os mesmos problemas de hoje”, afirmou Francisco César, para considerar que o Governo está “estagnado, sem ideias e que envelheceu precocemente”.

Avançando que não conseguirão executar as verbas do PRR nesta área, o socialista alertou para a ilegalidade do executivo nesta matéria, relembrando que conforme avançado pelo Tribunal de Contas, o Diretor Regional da Habitação resolveu, sem concurso público, “avançar num conjunto de reparações fazendo ajustes diretos” e lesando a Região em 300 mil euros.

A esse propósito, o dirigente socialista lamentou, ainda, que o Presidente do Governo Regional tenha ignorado o assunto, ao não dar explicações sobre o assunto, salientando que “quando um Presidente não quer falar está a dizer diretamente aos Açorianos que está de acordo com o que aconteceu”.