O deputado José Miguel Toste, do Grupo Parlamentar do PS/Açores, afirmou esta quarta-feira que a audição da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Médicos desmente claramente as afirmações do Presidente do Governo quanto à existência de parecer técnico favorável à construção do hospital modular, em Ponta Delgada.

“A Ordem dos Médicos confirmou que não foi chamada a emitir parecer, nem a avaliar o impacto clínico da solução adotada pelo Governo,”, declarou José Miguel Toste, sublinhando que as declarações do Presidente do Governo não correspondem à verdade. “Não existe qualquer parecer técnico emitido pela Ordem dos Médicos nem dos Enfermeiros”, acrescentou.

Para o PS/Açores, esta realidade demonstra que o Governo ignorou os profundos impactos clínicos da decisão e avançou de forma leviana e pouco fundamentada, sem ter em conta a realidade operacional do HDES. “A decisão política foi tomada de forma apressada, sem estratégia de contingência robusta e sem avaliação técnica adequada, colocando em risco a saúde dos doentes mais frágeis da Região”, acrescentou o deputado.

Durante a audição, ficou igualmente claro que a Ordem dos Médicos não participou na conceção nem foi envolvida na elaboração do projeto do hospital modular.

“Quando uma das críticas mais recorrentes dos utentes e das suas famílias diz respeito às limitações da sala de espera e do serviço de urgência, torna-se ainda mais grave saber que a Ordem não foi consultada nem validou qualquer aspeto técnico dessas infraestruturas”, destacou o deputado José Toste.

José Miguel Toste frisou que o encerramento prolongado do HDES causou uma verdadeira rutura assistencial, com a dispersão de serviços pela ilha de São Miguel, afetando gravemente a continuidade de cuidados e criando um cenário de insegurança institucional e dificuldades logísticas para os profissionais.

O Grupo Parlamentar do PS/Açores considera que a falta de verdade por parte do Governo Regional, aliada à exclusão das ordens profissionais na conceção e decisão sobre o hospital modular, representa uma fragilidade gravíssima na resposta à crise no HDES.

“Esta audição comprovou que o Governo de Bolieiro não só escondeu informação ao Parlamento, como também escondeu e omitiu informação à Ordem dos Médicos, sobre a possibilidade de reabrir o edifício principal do HDES, as urgências e os blocos cirúrgicos”, referiu ainda o deputado.

“É preciso apurar responsabilidades e assegurar que decisões desta magnitude sejam tomadas com base em critérios técnicos, ouvindo os profissionais e respeitando os Açorianos”, concluiu José Toste.

Ponta Delgada, 2 de abril de 2025