Inspirei-me no título do "Serenamente" de hoje, enquanto ouvia falar Marcelo Rebelo de Sousa, no Domingo.
Um homem, cuja profissão é comentar o que outros dizem, sem nunca nos ter provado que as teorias que inventa, a partir do que ouve, e lê têm algum valor, que vá, sequer mais além, da mera circunstância de o vermos (ocasionalmente) caricaturado como os fantoches nos programas de diversão, ou na posição de ontem, a de comentador da diária portuguesa.
Ontem fez parte do coro dos que, por estes dias, se têm consolado a alimentar uma espécie de raiva aos Açores e aos açorianos, depois do “soprano” maior ter dado da Argentina, o mote: “Atenção aos açorianos!”, quis dizer ele, numa prática de “Eu não conheço bem, mas”…tão pouco própria de um candidato, tão pouco dignificante do Presidente da República Portuguesa.
Ora, é bom que se saiba, e que não sabendo se pense nisso, que a medida em questão não custa um cêntimo a mais que seja nem ao Estado, nem muito menos aos cidadãos do país e que ela representa, não uma espécie de falta de solidariedade nacional, mas antes uma questão de opções e de prioridades legítimas, legitimadas e justas.
E o espantoso é que muito poucos tenham percebido que se trata afinal do exercício da Autonomia, das prioridades que o Governo dos Açores optou por ter e que o Parlamento regional aprovou e que ao invés disso estejam a roer as unhas de inveja por não terem podido optar também por propor políticas assim para o país.
Nos Açores decidiu-se afectar recursos às famílias, às empresas, criar linhas de crédito, aumentar o complemento ao abono de família, aumentar o complemento das pensões ou alargar o complemento remuneratório regional que já existia para os funcionários públicos que ganhavam até 1.304 € ao grupo dos que auferem salários brutos até 2.000 €, com base no mesmo princípio…
No continente, na Madeira e mesmo cá, entre alguns, que falam contra o assunto, a “guerra” é outra. Eles não queriam que o Governo dos Açores tivesse desistido de fazer a cobertura do Estádio de São Miguel. Eles preferiam que nos Açores fosse como na Madeira e, que em vez de se pensar nas pessoas e nas empresas, se construíssem dois estádios de futebol por 70 milhões e, quem sabe até uma ponte que ligasse as ilhas como a ideia peregrina de um célebre peregrino, que por aqui andou em campanha eleitoral…
Não vale pois a pena continuarem com essas atitudes de Marcelinhos, Cavaquinhos e “´tadinhos”.
Descansem os portugueses de todo o Portugal, ilhas incluídas (e não adjacentes como alguns, certamente, gostariam de nos denominar), tranquilize-se, o candidato Presidente da República, em exercício, aqui ninguém está a roubar dinheiro a ninguém. Aqui somos uma Região Autónoma.
E temos hoje como (sempre) tivemos o maior orgulho em ser açorianos…