Em política a coerência é um valor da maior importância. Tal acontece por várias razões.
Desde logo é um comportamento que induz credibilidade e confiança no eleitorado, elementos fundamentais para construir o perfil de quem se submete ao julgamento soberano do voto popular.
O atributo de agir de acordo com o que se apregoa reforça a ideia de firmeza, de convicção e de falar a verdade. Para a generalidade dos cidadãos quem é incoerente é capaz de mentir.
A coerência é também muito sensível por ser simples de aferir. Em certos casos a sua violação é de tal forma fácil de detectar que não carece de grande argumentação. Por vezes basta ler duas edições do mesmo jornal na mesma semana.
Recentemente o PSD-A e a sua presidente deram mostras de uma incoerência aguda, assumiram três posições diferentes sobre o mesmo assunto. A história revela o actual desnorte do PSD e conta-se em poucas palavras.
Em Novembro, o governo regional anunciou um vasto conjunto de medidas anti-crise do qual constava a criação de uma remuneração compensatória para os funcionários da administração regional com um determinado rendimento. O PSD votou contra afirmando que se tratava de uma medida injusta “por excluir os funcionários das autarquias”.
Dois meses depois a medida foi estendida às autarquias com apenas uma diferença, tem uma natureza discricionária. Cada câmara tem a opção que aplicar, ou não, a remuneração. Para surpresa geral o PSD votou contra e declarou que a medida “agrava as injustiças”. Uma clara incoerência.
Poucos dias depois aconteceu o inacreditável. Berta Cabral anunciou que “a lei quando existe é para todos” fazendo crer como impositiva uma norma de aplicação facultativa. É a própria presidente da Câmara de Ponta Delgada que desmente a líder do PSD-Açores e todo o seu grupo parlamentar. Parece mentira mas é verdade!