O Bloco de Esquerda resolveu censurar formalmente o governo de Sócrates. O anúncio foi feito por Francisco Louça no calor de um debate com o Primeiro-ministro, em plena Assembleia da República. O duelo ficou marcado para o próximo dia 10. Num momento de crise nacional, em que Portugal se debate com medidas de austeridade visando superar a situação das suas financeira públicas, o Bloco decide, de forma irresponsável, colocar o País à beira do abismo. Porém, o BE poderá escrever certo por linhas tortas. Embora sem o apoio parlamentar necessário para governar na actual conjuntura, a verdade é que o Governo de Sócrates tem tido um sucesso digno de registo. O esforço pedido aos portugueses é enorme mas tem sido compensador. Os dados provam-no. O País tem, por isso, duas opções. Ou estabilidade política para continuar a seguir em frente, com um horizonte de legislatura – o que exige a intervenção de Cavaco; ou eleições antecipadas, já! Portugal não pode viver na instabilidade permanente que provoca na população a inquietação do pior ainda estar para vir. É muito difícil ter sucesso na governação num clima assim. Ninguém investe, o consumo diminui, a economia retrai-se e o desemprego sobe. Instala-se um pessimismo patológico e a acção do Governo fica bloqueada. Em condições normais este clima geraria uma alternativa política da noite para o dia. Mas isso não está a acontecer. A realidade é que Passos Coelho não se afirma e o PSD não convence. A justificação do PSD para rejeitar a censura do BE é bizarra: “ainda não é altura do PS deixar de governar”. Um erro clamoroso. Uma coisa é o PSD prezar a estabilidade, outra bem diferente é Passos Coelho ter medo de governar. O PSD espera por sondagens favoráveis para ter coragem. Mas elas não virão. Quem não tem coragem de governar nas horas más não merece governar nas horas boas.