Muito se tem dito sobre a precariedade do emprego jovem no nosso país.
São muitos os epítetos de geração rasca, à rasca ou geração parva. Epítetos que não correspondem à verdade e que tem sido aproveitados, em muitos casos, de forma demagógica e até perversa.
Portugal cometeu um erro histórico nas últimas décadas.
Um erro histórico de subaproveitamento de uma geração que, por regra, será a mais imaginativa e empreendedora de um país. Um erro histórico sem paralelo por se cortar as perspectivas de futuro de uma geração, que começa a achar que apostar na sua qualificação superior é tempo perdido face às oportunidades que têm após terminarem as suas licenciaturas.
Estas constatações não derivam da política de um governo específico, mas sim de um país formatado para proteger patrões e grandes grupos, em detrimento de uma geração inteira de Portugal. Um país que está muito preocupado com as regras dos “mercados”, obcecado com os problemas do défice, inebriado por condicionalismos sem rosto como os especuladores, mas que acha que ganhar 600 euros já é melhor do que não ganhar nada. Um país que julgava que o mais importante é construir infra-estruturas em detrimento de apostar e investir nas pessoas.
Mas estamos perfeitamente a tempo de emendar este erro histórico. O primeiro passo terá de caber aos próprios jovens. Têm, em primeiro lugar, de renegar à ideia que começa a vingar de que não é preciso apostar na qualificação porque o país nunca lhes reconhecerá este esforço.
O objectivo terá de ser sempre o inverso. Num mundo difícil e cada vez mais competitivo, só a formação será a garantia de sucesso profissional e pessoal. Cabe aos jovens não darem argumentos para que os “mercados”, esta identidade sem rosto, aproveitem qualquer fragilidade para impor as suas regras cegas e prejudiciais.
Será justo referir, neste âmbito, que os jovens açorianos têm hoje melhores perspectivas de futuro que os jovens continentais. Apesar dos constrangimentos da nossa localização e das nossas especificidades, as oportunidades formativas e de empregabilidade são maiores e melhores nos Açores. Por exemplo, no período de vigência do Plano Regional de Emprego 1998-2010 houve um aumento de 55% do número de jovens (25 a 34 anos) a trabalhar, passando de 21.558 para 33.343 e um aumento de 61% de mulheres jovens (25 a 34 anos) a trabalhar passando de 8.558 a 13.774.
Naturalmente que é preciso ir mais longe. É preciso garantir mais e melhores respostas, mas temos conseguido avanços consideráveis na área do emprego jovem.
Nesta área não podemos descansar um segundo. As pessoas, em particular os jovens, são o nosso recurso mais valioso.
Facilitar e promover mais e melhores postos de trabalho, criar instrumentos de manutenção de emprego, combater a precariedade laboral e incidir junto dos mais jovens, através de planos de transição para a vida activa, implementando uma estratégia de formação profissional consequente e condicente com as necessidades do tecido empresarial regional e garantir que estão criadas as condições para acolher o regresso dos milhares de jovens açorianos que estão hoje no exterior da Região a qualificar-se e que querem voltar para os Açores têm de ser pressupostos centrais da estratégia definida na área do emprego nos Açores.
Apesar dos epítetos negativistas, acredito que os jovens de hoje são, verdadeiramente, uma Geração de Vencedores.