Opinião

O Parque é meu...Aqui quem manda, sou eu!

Era uma vez um parque urbano inacabado, inaugurado com a presença de inúmeros velhinhos e velhinhas num lindo dia de Verão, com merenda e tudo a que uma inauguração deve ter direito. O tal parque urbano foi alvo da plantação de inúmeras espécies arbóreas, ainda na fase da primeira infância, muitas das quais por razões técnicas e climáticas tiveram um fim de vida precoce e faleceram desprotegidas do vento e à míngua de agasalho. Pelo que veio a público, a Empresa Municipal Cidade em Acção, pediu, e muito bem, a colaboração de quem efectivamente “sabe da poda” para fornecer plantas endémicas e disponibilizar o necessário apoio técnico à plantação das mesmas com vista à reflorestação do parque. A seu tempo, houve reuniões, visitas e decisões envolvendo as todas as partes interessadas Como é sabido, o Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, tem vindo a promover, meritoriamente, acções de reflorestação e apoiado diversas entidades que pretendam utilizar as plantas endémicas na criação ou requalificação de jardins e espaços verdes. Essa acção tem constituído um enorme sucesso, nomeadamente junto das escolas e das populações mais jovens que cada vez mais estão despertas para a preservação da natureza e para a utilização das nossas plantas em detrimento de invasoras. Dado o interesse em divulgar e motivar as gentes para essa matéria de primordial importância ecológica e de defesa da nossa flora, foi mais do que natural anunciar que o Governo dos Açores, através da Direcção Regional dos Recurso Florestais e a Câmara de Ponta Delgada, através empresa municipal “Cidade em Acção, SA” iriam proceder no passado dia 25 de Março pelas 14h30 a uma acção conjunta, inserida nas comemorações do Ano Internacional das Florestas, a qual envolveria, para além dos técnicos de ambas as entidades, alunos do Programa PROFIJ II da área de Fruticultura Biológica da Escola Secundária das Laranjeiras sob a orientação da docente responsável. O referido evento já teria sido alvo de preparação com a deslocação prévia ao local por parte das entidades envolvidas no passado dia 9 de Fevereiro. Mas o inacreditável aconteceu! Após ser emitida uma nota à comunicação social que dava conta da realização daquela actividade, de imediato, sem mais nem menos a nossa edilidade decidiu cancelar a acção que envolvia a plantação de inúmeras plantas e teria a participação activa dos jovens estudantes. Será que a edilidade pontadelgadense queria considerar como “top secret” o facto de o Governo dos Açores estar a prestar uma colaboração à Câmara? Realmente se assim o foi, trata-se de uma atitude de gente pequenina. Quando se apregoa que todas as entidades devem dar as mãos a bem dos Açores, é triste verificar que a câmara de Berta Cabral, tão ávida de colaborações mediáticas no Brasil, em Espanha e na “cochinchina” não queira receber, com conhecimento público, o apoio do governo de todos os Açores, nos quais se inclui, evidentemente o concelho de Ponta Delgada. E como explicar aos jovens esse tipo de atitudes por parte da Câmara Municipal? Será que alguém é capaz de entender esta filosofia do tipo: - a bola é minha… por isso… tenho de ficar com os louros todos para mim, ou então... mais ninguém joga! E ainda têm a coragem de falar em aproveitamento político? Se tal atitude, ao estilo de menino rico e mimado, não envolvesse jovens em formação e não constituísse um acto de descredibilização de uma entidade local, até dava para rir! Já me ia esquecendo de referir que a Câmara, ao menos, reconhece que o Governo no ano passado já plantou no Parque Urbano de Ponta Delgada, 3400 plantas. Como na altura, certamente não foi notícia, a ajuda foi bem aceite!