Opinião

Continuar a defender os Açores

No último domingo, nas eleições legislativas nacionais, o PSD ganhou e o PS perdeu. O PSD beneficiou, claramente, do voto punitivo no Governo da República, obrigado a tomar, nos últimos tempos, medidas necessárias, mas de grande contestação social. A vontade do povo português nunca é questionável e é sempre de saudar e valorizar. Saúdo, por isso o partido vencedor e o novo Primeiro-Ministro de Portugal, desejando-lhe felicidades na difícil tarefa que tem pela frente. Cabe, também, ao Partido Socialista, enquanto maior Partido da oposição, assumir as suas responsabilidades e contribuir de forma construtiva para que Portugal consiga ultrapassar as suas dificuldades. Não se deve, porém, confundir eleições. Cada eleição é uma eleição. O PS/Açores já ganhou eleições, já perdeu sufrágios depois e voltou, novamente, a ganhá-los. É a democracia a funcionar através da análise que, a cada momento, os eleitores fazem do acto eleitoral em causa. É, por isso, totalmente extemporâneo afirmar que este resultado do PSD será o início de uma vitória social-democrata em 2012. A história política recente dos Açores é exemplo disso mesmo. Por exemplo, durante anos, o PSD/Açores vaticinou o fim de ciclo da governação do PS. Durante anos, foram desmentidos pelos resultados das eleições. Em 2002, o Partido Socialista perdeu as eleições legislativas nacionais. Passados dois anos, o PS voltou a vencer as eleições regionais de 2004 com a maior maioria absoluta da sua história. A este propósito estava errada a líder do PSD/Açores, quando, em Janeiro de 2009, no Congresso Regional do PSD, garantia que “quem nos governa está em fim de ciclo”. Depois desta certeza de Berta Cabral, o PS/Açores ganhou as legislativas nacionais de 2009 e as eleições autárquicas. Apesar da ânsia de alguns de se apoderarem das vitórias de outros para disfarçar fragilidades internas e falta de afirmação do seu projecto político e da sua liderança, uma análise séria dos factos e da nossa história recente obriga-nos a reconhecer, sem reservas, que cada eleição é uma eleição. Tentar fazer extrapolações é passar um atestado de incapacidade aos eleitores. Agora é tempo de olhar para o futuro e de nos concentrarmos naquilo que verdadeiramente interessa, as pessoas, os açorianos. Com base nisso, neste novo ciclo político nacional, o PS/Açores deixa uma certeza: a sua intransigente vontade na defesa dos interesses dos Açores. Nessa matéria sempre fomos coerentes. Para nós, independentemente do partido político que está no Governo da República, os Açores estão sempre primeiro. Foi assim com todos os primeiros-ministros de Portugal e será assim com Pedro Passos Coelho. É por isso fundamental que comecem a ser esclarecidas questões importantes para o futuro da Região, sobre as quais não conseguimos qualquer esclarecimento na campanha eleitoral, como a possível privatização da ANA e regionalização dos aeroportos dessa empresa na Região, o cumprimento da Lei das Finanças Regionais, a proposta de revisão constitucional do PSD ou qual o destino da RTP/Açores. Percebemos bem o momento difícil em que vive Portugal. Mas esta realidade não pode ser motivo para descurar a discriminação positiva que uma região ultraperiférica tem de ser alvo por parte do Governo nacional. Aceitaremos os sacrifícios que terão de ser tomados e seremos os primeiros a integrar o desígnio de credibilizar Portugal no exterior, mas nunca estaremos disponíveis para que os Açores sejam uma espécie de fardo do qual Portugal terá de se libertar, em nome da recuperação das finanças públicas nacionais.